Princípios gerais da prevenção do pé diabético
(Resumo)
Baseado no “Internacional Consensus on the Diabetic Foot”
O paciente diabético, especialmente do tipo I, é potencialmente um portador da microangiopatia diabética, da macroangiopatia diabética e da neuropatia diabética, além se ser altamente predisposto a processos infecciosos nos pés ocasionados por calosidades, unhas encravadas, frieiras, micoses, paroníquias e traumas em geral.Não tratados adequadamente em tempo útil podem desenvolver necroses isquêmicas, infecções diversas, inclusive anaeróbicas, que poderão levar à perda do membro, o que torna os diabéticos as maiores vítimas das amputações dos membros inferiores.
Os pacientes amputados, além das limitações físicas e do trauma psicológico, constituem um grupo que responde por um alto custo social.
Medidas preventivas devem fazer parte de um programa governamental de saúde pública, que inclui a atenção em 3 níveis, a saber:
1. Educação do paciente e sua família, orientação semiológica ao clínico geral, enfermeiras e podólogos.
2. Rotina obrigatória semiológica por parte dos endocrinologistas, cirurgiões gerais e vasculares e, em especial, dos ortopedistas.
3. Especialistas em pé.
Estes níveis teóricos transferem a responsabilidade preventiva a qualquer médico que receba em seu consultório pacientes diabéticos em todas as idades, que, se competentes de bem orientados, deverão assumir a orientação pessoalmente ou transferir o paciente aos especialistas que julgar indicados, escolhidos nos três níveis acima relacionados.
A semiologia adequada, de fácil execução, permite ao médico caracterizar o “pé de risco” e pode ser assim resumida:
1. Identificação de deformidades nos pés, principalmente proeminências ósseas.
2. Identificação de lesões ulceradas de qualquer origem.
3. Pesquisa de neuropatia diabética por meio de simples testes sensitivos e motores.
4. Identificação de áreas de apoio anormal, calosidades e articulações comprometidas.
5. Alterações na coloração dos dedos à elevação do membro.
6. Doplerometria nas artérias dorsais dos pés e tibiais posteriores.
7. Amputações anteriores e/ou lesões ulcerosas cicatrizadas.
8. Constatação do uso de sapatos inadequados.
Pelo que se expôs podemos resumir o manuseio dos pés diabéticos nas clássicas “pedras angulares”:
1. Identificação dos pés de risco.
2. Exame familiar diário e médico de 3/3 meses ou intervalos menores, se necessário.
3. Educação do paciente, sua família e eventuais cuidadores.
4. Sapatos adequados.
5. Tratamento das doença não ulcerativas dos pés.
Pensamento final
É obrigação de todo médico, em consultas de qualquer natureza em pacientes diabéticos, identificar os “pés de risco”e encaminh-losr ao especialista indicado.
Acadêmico Ernesto Lentz de Carvalho Monteiro
Professor de Técnica Cirúrgica
Angiologista e cirurgião vascular