1. Ontoética: Aprendizado na Graduação: Acadêmico Alcino Lázaro da Silva
A ONTOÉTICA é a ética do ser humano. Não é uma disciplina; é um estado de espírito ou da razão.
Ela não é ensinada; é treinada no exercício do cotidiano e na absorção de seus princípios fundamentais. Sendo um estado de alma ela participa, no seu exercício, de toda relação médico-paciente (seguir o esquema em anexo).
Não pode, pois, limitar-se a um semestre (período), nem ao início e muito menos só ao final do curso. Sendo interdepartamental o compromisso de seu ensino fica com a Diretoria da Faculdade. Sua assessoria é o Colegiado de Curso, responsável pela informação e graduação do jovem. O Colegiado, então, recebe de cada Departamento, o nome, o número, a carga horária e o interesse dos professores docentes naquele mister (mester).
O exercício, o treinamento e o aprendizado serão desenvolvidos numa área comum, ampla, igualitária e supra-departamental.
Trata-se do CENTRO DE CONVIVÊNCIA. A Diretoria o manterá e o Colegiado o administraria. O Centro de Convivência subentende formação, interação, integração e tolerância mútua.
Há que ser, pois, um Centro multifário, interdisciplinar, erudito e prático. Os participantes serão os estudantes, os professores, determinados pacientes e até familiares, não se esquecendo do envolvimento dos funcionários.
O Centro de Convivência (CECON) fará duas atividades. Na primeira o seu espaço físico será aberto, diária e plenamente, para que as mais variadas atividades sejam exercidas: leitura, ouvir música, discutir literatura e poesia, disputar jogos convenientes, altercar-se sobre esportes, polemizar os aspectos sócio-políticos…
Na segunda atividade haverá uma disponibilidade e uma oferta de aspectos formais, a saber: ministração de princípios fundamentais; propostas de temas nobres e abrangentes; treinamento, sob os mais variados recursos didáticos, na busca da formação erudita do estudante (artes cênicas, artes plásticas, filosofia, português, literatura, música, poesia, religiosidade e jornalismo); horários fixos e neutros para os Simpósios ou Grupos de Discussão e avaliação individual ou auto-avaliação individual ou em grupo.
Quanto ao horário ele será, repetimos, fixo e neutro. O Colegiado, em comum com a Diretoria, fixará um dia da semana, um horário que não se interponha com as atividades assistenciais e docentes dos Departamentos e anual.
Toda a comunidade (estudante, docente, residente, pós-graduando, funcionário e pacientes ou familiares) saberá que na sexta-feira, às 11h30, por exemplo, por todo o ano, o CECON cuidará do formal didático. Os professores designados e gerenciados pelo Colegiado serão escalados individualmente ou em grupos para conduzirem as atividades, com uma programação prévia.
O estudante, desde o primeiro dia de curso, visitará e saberá que um CECON ativo dependerá do interesse e da freqüência dele e, portanto, poderá desenvolver o mínimo ou até o máximo durante todo o curso. Isto é possível porque ele somente obterá aprovação no CECON ao final do curso, por meio de uma avaliação formal dos princípios que absorveu e das suas atitudes que serão avaliadas por ele, em conjunto com o seu tutor. O que isto significa? Ao entrar para o curso médico (1º semestre) receberá a apresentação a um professor, o qual será o seu tutor e orientador ao longo dos seis anos.
Nesses professores incluem-se todos, desde os docentes designados pelos Departamentos até os professores aposentados (seniôres) ou voluntários.
Não se dará aula teórica ou magistral. Haverá algumas teórico-práticas para os princípios básicos. As informações teóricas serão buscadas pelos estudantes, individualmente ou em grupos, nos livros, revistas médicas, revistas leigas e na internet.
Nas reuniões sobre a formação, as propostas serão, ao longo do ano, progressivas, ou seja, de complexidade crescente. O estudante poderá freqüentar, em determinados semestres, no início, intercalado ou concentrado, enfim ele fará, individualmente ou com a ajuda do seu Tutor, o seu currículo de Ontoética.
* Professor Titular, Cir. Ap. Digestivo, UFMG.