Gingko Biloba – Ênio Cardillo Vieira – 2004

    Data de publicação: 13/04/2004

    3. Gingko Biloba

    Acadêmico Ênio Cardillo Vieira

    Conferência realizada no dia 13 de abril de 2004, na Academia Mineira de Medicina.

    Gingko biloba pode ser considerada uma planta fóssil. É a espécie vegetal mais antiga na face da terra. É a terceira planta medicinal mais comercializada nos Estados Unidos e na Europa. Seu extrato tem sido recomendado para pacientes com distúrbios da memória e circulatórios. Alguns ensaios clínicos têm mostrado eficácia enquanto outros não indicam diferenças entre o extrato e o placebo. Glicosídeos flanonóides e lactonas diterpênicas são algumas das substâncias isoladas da planta às quais se atribuem efeitos terapêuticos. O efeito destas substâncias é explicado pela habilidade de melhorar a insuficiência microvascular. Um aumento do fluxo sangüíneo no cérebro pode ser o mecanismo de ação da Ginkgo biloba. Muitos efeitos atribuídos ao Ginkgo biloba são resultantes de trabalhos com rigor científico questionável.

    Acadêmico José de Araújo Barros

    Atendendo solicitação para a publicação dos Anais da Academia Mineira de Medicina, referente ao ano de 2004, desejo informar que não se trata de artigo relacionado ao tema “Ginkgo Biloba”, mas sim um comentário feito durante uma mesa redonda.
    Em síntese em 1998, trabalhando em ambulatório de Neurologia do INAMPS, atendíamos grande número de pacientes idosos, que procuravam (tratamento) ajuda para melhora de suas funções cognitivas, vertigens e quadro depressivos. Nesta época iniciamos em 30 pacientes o tratamento com Ginkgo Biloba e interrompemos medicação de antidepressivos e ansiolíticos. Estes pacientes foram controlados mensalmente por 1 (um) ano. Constatamos uma razoável melhora no déficit de memória, do humor depressivo e principalmente vertigens, zumbidos e cefaléia.
    Estes pacientes eram idosos, portadores de seqüelas de doenças cérebro-vasculares.
    Foi este o comentário que fizemos sobre o tema Ginkgo Biloba.

    4. Plano de Saúde da Família em Diamantina

    Acadêmico João Antônio Meira

    Conferência realizada no dia 17 de abril de 2004, na Pousada do Garimpo, em Diamantina.
    Relatório de atividades da “Equipe Sempre Viva” da unidade de saúde da família do bairro da Palha do município de Diamantina / MG de 1997 a 2003.

    RESUMO:
    Objetivo: Apresentar um relatório das atividades da Equipe Sempre – Viva do PSF – Palha, Diamantina – MG no período de 1997 a 2003 (1º Semestre). Método – A Área de abrangência, foi dividida em seis Micro – Áreas, cada uma com um Agente de Saúde responsável pelo acompanhamento de um população de 4.052 pessoas integrantes das diversas famílias existentes no Bairro da Palha. Resultados: As metas conseguidas em 2003 atingiram porcentagens de 27 a 92,37% das pactuadas. Conclusões: Os dados estatísticos de 1997 a 2003 demonstram um aumento gradativo do número de pessoas atendidas e visitadas pelo Médico e pela Enfermeira da Equipe, bem como pelos Agentes de Saúde, não deixando de ressaltar que nos primeiros anos não havia Médico na Equipe. O atendimento do primeiro semestre de 2003 suplantou os atendimentos realizados de 1997 a 2002. Sugere-se a criação de mais um PSF no Bairro da Palha tendo em vista a extensão da área de abrangência da Equipe.
    Descritores: Equipe Sempre – Viva, PSF – Palha – Dta – MG.
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    Introdução:

    A Unidade de Saúde da Família-Equipe Sempre Viva localiza-se no bairro da Palha, região periférica do município de Diamantina – MG, e é constituída por um Médico, uma Enfermeira, uma Auxiliar de Enfermagem e 6 Agentes Comunitários de Saúde.
    De 1997 até junho de 2003 funcionava em conjunto com o Centro de Saúde Maria Madalena Veloso Pires, situado á Rua da Farinha Seca, no bairro da Palha, sendo transferido para sua sede própria no dia 01/07/2003 na Rua da Palha 1061 A, em Diamantina – MG, devido a um esforço da Equipe como um todo e em parceria com a Prefeitura Municipal, Conselho Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde.
    A área de abrangência do PSF- SEMPRE VIVA , inclue além de ruas principais e secundárias, becos em áreas de formações rochosas, do tipo pedreiras, originando aclives no terreno, de acesso difícil, totalizando 888 residências.Ainda existe um segmento rural localizado a seis quilômetros da área urbanizada, em uma região denominada Gruta de Lourdes.
    Na região mais externa da área de abrangência corre um rio de águas poluídas, destino final dos dejetos da cidade. Outróra, este mesmo rio de águas poluídas era rico em diamantes e ouro, atraindo a cobiça dos bandeirantes vindos do Serro Frio que aqui chegavam em busca de riquezas, orientados pela visão imponente do Pico do Itambé, ao longo da Cordilheira do Espinhaço.
    A área do PSF- SEMPRE VIVA é subdividida em 6 micro-àreas, cada uma possuindo um Agente Comunitário de Saúde responsável.
    No presente trabalho, relataremos as atividades desenvolvidas pela Equipe Sempre Viva, no período de 1997 até julho de 2003, salientando as dificuldades vencidas e as vantagens de um trabalho integrado da Equipe de Saúde, justificando os resultados obtidos.

    Revisão da Literatura
    Em uma breve revisão da historiografia da Saúde Pública, fomos despertados pela preocupação registrada pelo Dr. José Ricardo de C. M. Aires do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, nos seguintes termos: “de onde vem a preocupação com a saúde e o bem estar dos grupos de cidadãos?” (AYRES)
    ROSEN, explica isto pela emergência do estado capitalista e o surgimento das primeiras preocupações com a Saúde Pública em suas opiniões modernas. Ele distingue três momentos na constituição da historia da Saúde Pública: O primeiro período engloba a Antiguidade e a Idade Média, onde prevalecem concepções Naturalistas ou Metafísicas, constituindo a Velha Saúde Pública, que se estende até a época do Renascimento.
    O segundo período nos revela o aparecimento de uma consciência médica do caráter social da Saúde Pública, abandonando os antigos conceitos dos miasmas e das influencias atmosféricas, cósmicas e terrestres como responsáveis pelas entidades patológicas, passando a pesquisar as relações da vida e da sociedade para considerar a importância do cidadão como elemento fundamental na história da Saúde Pública.
    Finalmente, o terceiro período, depois da Revolução Francesa até os tempos modernos, quando é possível identificar a pluralização da intervenção do Estado sobre a dimensão pública da saúde, sob a influencia da sociedade dos cidadãos (ROSEN).
    Verifica-se, portanto a dificuldade de percorrer este caminho histórico da Saúde Pública, na evolução da Medicina desde a antiguidade, passando pela trajetória hipocrática e chegando ao internacionalismo sanitário do século XX.
    Para compreendermos o momento atual da Medicina Brasileira, seria necessária uma exaustiva pesquisa sobre as reformas na área da saúde, desde o surgimento das Caixas de Aposentadoria e Pensões, passando pela fusão dos Institutos de Aposentadoria em 1966, surgindo o Instituto Nacional da Previdência Social(INPS).
    A influencia do INPS na vida da população foi tão grande que, até hoje, muitas pessoas se referem ao Sistema Único de Saúde como INPS.
    Na década de 70, vários projetos institucionais foram elaborados, todos eles apoiados em uma preocupação governamental com a medicina comunitária que justificou o aparecimento do Sistema Único de Saúde.
    Para Nicodemus de Arimathéia, o principal problema do SUS ainda é o financiamento. “É uma eterna crise de financiamento”. A Emenda constitucional nº 29, que prevê a obrigatoriedade do provimento dos orçamentos federal, estadual e municipal para a Saúde, não tem garantia de cumprimento.
    De acordo com a “Pesquisa Nacional 2002 – A Saúde na Opinião dos Brasileiros”, uma iniciativa do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde, em parceria com o Ministério da Saúde, e cujo resultado foi divulgado em abril, apenas 35% dos entrevistados sabiam qual o significado da sigla SUS. Outros 55% respondiam que nem conheciam a sigla e 22% não sabem que o serviços são absolutamente gratuitos.
    O surgimento do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) iniciado no governo Color, e a metodologia da descentralização buscou reverter a antiga lógica de pagamento de serviços de saúde por produção ambulatorial e hospitalar.
    Em dezembro de 1993, o Ministério da Saúde apresentou uma proposta do Programa de Saúde da Família (PSF), inicialmente subordinado à Fundação Nacional de Saúde, e posteriormente, o PSF foi transferido para a Secretaria de Assistência à Saúde (SAS), vinculada diretamente ao Ministério da Saúde.
    O PSF sofreu um processo de expansão significativo a partir de então, chegando à cobertura de cinqüenta milhões de pessoas durante o ano de 2002 (ALVES). É importante ressaltar que o PSF é uma estratégia que não depende somente do incentivo Federal para se viabilizar, constata-se que o desenvolvimento do PSF esta vinculado à vontade política e a participação dos gestores municipais de saúde, usuários e profissionais do setor, responsáveis diretos por seu sucesso ou por seu fracasso.
     Apesar de todos os esforços governamentais, Murari ainda aponta as principais falhas no PSF tais como:
     Vinculo empregatício precário ou ausência dele;
     Baixa remuneração e freqüente atraso no pagamento dos salários;
     Excesso de trabalho e más condições;
     Falta de Política de Recursos Humanos;
     Falta de Medicamentos e de outros materiais essenciais para realizar procedimentos elementares;
     Dificuldade de acesso às áreas de trabalho;
     Precário sistema de referencia e contra-referência para encaminhamentos de pacientes.
     A capacitação profissional dos médicos do PSF também é apontada como grande problema do Programa. O Ministério da Saúde Já acenou com a possibilidade de se criarem Residências Médicas. Para Francisco Monteiro, conselheiro do CRM-CE, “é fundamental que se reestruture o atendimento das equipes de todo país. Com isto poderemos, acabar com a superlotação das emergências, com a crise das UTIs. Se realmente colocarmos o PSF dentro de um contexto maior, que é o da saúde no país, o Programa pode render bons frutos”.

    Em Diamantina – MG, o PSF teve seu inicio, com a Equipe Sempre Viva no Bairro da Palha em outubro de 1997, como demonstraremos a seguir.

    Material
    Tendo em vista a exigüidade de tempo disponível para a elaboração deste relatório, somos obrigados a restringir a análise do material humano existente no bairro da Palha, simplesmente, às informações relativas á Equipe Sempre Viva no período de 1997- 2002 e no primeiro semestre de 2003, focalizando os dados obtidos apenas sobre alguns grupos nosológicos cadastrados tais como:
    pacientes portadores de Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial , Hanseníase e Tuberculose. Temos também algumas atividades como: Visita domiciliar dos ACS, Médico, Enfermeiro e Auxiliar de Enfermagem, Puericultura, Óbitos por qualquer causa, Internações Hospitalares por complicação de Diabetes, Internações Hospitalares por outras causas, consultas médicas.
    Oportunamente, poderemos apresentar outro relatório acrescentando os dados estatísticos sobre assistência materno-infantil, prevenção de câncer ginecológico, além de aspectos dietético-nutricionais e sócios econômicos da área abrangida.
    Embora o presente relatório não seja completo sobre todas as atividades da Equipe, forçoso é reconhecer a importância do trabalho realizado, levando em conta a extensão da área física abrangida, os recursos humanos existentes e o universo de pessoas assistidas.

    Método
    A “Equipe Sempre Viva” é um verdadeiro time de ACS, enfermeira, médico e auxiliar de enfermagem que visa a prevenção de doenças e busca de uma melhor qualidade de vida da população da área abrangida.
    Esta é composta por 6 ACS, 1 auxiliar de Enfermagem, 1 auxiliar de serviços gerais, 1 Enfermeira e 1 Médico .
    A população adstrita à Equipe Sempre Viva compreende, no momento, 4052 pessoas, entre adultos e crianças.
    Para facilitar o trabalho e melhorar a assistência prestada às famílias cadastradas no programa, o Bairro da Palha, foi dividido em 6 micro áreas no ano de 2002, visto que, a equipe trabalhava até então, com a mesma população, porém com apenas 4 micro – áreas.
    Assim temos:
    MICRO – ÁREA 1: RUAS ACOMPANHADAS:
    Rua da Palha, Chácara Dr. Sílvio, Gruta de Lourdes.
    MICRO – ÁREA 2: RUAS ACOMPANHADAS:
    Rua e Travessa Campo do lambari, Rua e Travessa José de Alencar, Rua e Travessa Paulo Baracho, Beco do Retorno, Rua e Travessa Canaã, Rua da Palha.
    MICRO – ÁREA 3: RUAS ACOMPANHADAS:
    Rua e Travessa Amola Machado, Rua e Travessa Pururuca, Rua Cruz de Moisés.
    MICRO – ÁREA 4: RUAS ACOMPANHADAS:
    Rua e Travessa Cruz de Moises Rua Brazão, Rua da Consolação, Rua Sebastião Leopoldo Guedes, Rua Florêncio de Oliveira, Praça dos Garimpeiros, Rua e Praça da Consolação, Rua Rita Pinheiro da Cruz, Avenida da Saudade, Rua da Palha.
    MICRO – ÁREA 5: RUAS ACOMPANHADAS:
    Rua e Travessa do Cruzeiro, Rua e Travessa Josefino Lopes, Rua José Gonçalo de Araújo, Rua João Antonio Santos.
    MICRO – ÁREA 6: RUAS ACOMPANHADAS: Rua Farinha Seca, Beco Dona Liu, Rua da Palha, Beco do Cortume Rua Chico de Souza, Rua Geraldo Dias.
    Nem todas as casas destas ruas foram cadastradas, porque cada Agente de Saúde só pode atender 150 famílias ou até 750 pessoas em obediência às determinações do Ministério da Saúde e acreditamos ser este número de famílias ainda grande, para que o ACS possa trabalhar, orientar e reconhecer os problemas de todas as famílias acompanhadas.

    Discussão:
    Analisando os resultados da Equipe Sempre Viva, verifica-se que a área de abrangência é muito extensa, a população numerosa, o acesso às residências muito difícil e em alguns casos impossível por falta de transporte.
    Apesar dos óbices acima, a Equipe vem cumprindo as suas obrigações diárias com dinamismo, responsabilidade e dedicação, conseguindo alcançar as metas pactuadas pelo município.
    É evidente que os benefícios social-econômicos e sanitários do PSF necessitam de um re-exame por parte dos técnicos para que se estabeleça um equilíbrio entre a medicina preventiva pretendida os compromissos pactuados e as metas atingidas.
    Deve-se conceder prioridade às visitas domiciliares e ao cadastramento das entidades nosológicas existentes no bairro, visando à melhor assistência ás pessoas atendidas.
    Também não é possível aceitar a omissão das autoridades responsáveis diante da situação de desajuste social e econômico de diversas famílias residentes no bairro.
    É preciso adotar medidas preventivas contra a prostituição infantil e juvenil, maternidade precoce e uso de drogas.
    Finalmente, é preciso reivindicar uma melhor remuneração dos componentes da equipe para estimular a boa vontade e recompensar o trabalho realizado.

    Conclusões:
    1. O PSF da Palha vem realizando satisfatoriamente a missão proposta de assistência à comunidade do bairro, sob responsabilidade da Equipe Sempre Viva, enfatizando a importância do trabalho em equipe.
    2. Comparando os dados estatísticos de 1997 a 2003 verifica-se um aumento gradativo do número de pessoas atendidas e visitadas pelo médico e pela enfermeira da equipe, não deixando de ressaltar que nos primeiros anos não havia médico na equipe.
    3. O total de consultas médicas e grupos operativos no primeiro semestre de 2003 suplantou os atendimentos realizados de 97 a 2002.
    4. É muito extensa a área de abrangência da Equipe Sempre Viva e muitas casas no bairro ainda não foram cadastradas, sendo aconselhável a criação de mais uma equipe de PSF, a exemplo do que já ocorre nos outros bairros.
    5. Há necessidade de melhor equipar a sede da equipe, afim de ampliar as ações, tais como: pequenas cirurgias e fornecimento de medicações e outros materiais essenciais para realizar procedimentos elementares para que os pacientes não tenham que se dirigir para outros locais fora do bairro.

    Referências Bibliográficas:
    1. ARIMATHEIA, N- in- Santiago, M – Rumo ao futuro, Reportagem, Medicina Gerais, CRMMG, ano II, ed. 24, julho 2003, BH, pag. 3.
    2. AYRES, J.C. M. R. – A Epidemiologia e o Projeto Emancipador nas Praticas de Saúde. S.P. Tese de Mestrado, in Rosen, G., op. cit.
    3. BRASIL, Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia Prático do Programa de Saúde da Família. Brasília, Ministério da Saúde, 128 p., 2001.
    4. MACHADO, M. H. (et allii.) Perfil dos médicos e enfermeiros do Programa de Saúde da Família no Brasil, v. 1, Ministério da Saúde / Fiocruz, 2000.
    5. MONTEIRO, F- CFM – Medicina, ano XVIII nº 143- Maio -Junho 2003, pág. 13.
    6. MONTEIRO, F. Condições de trabalho no Programa de Saúde da Família. Jornal da Associação Médica Brasileira, ano 44, nº 1327 – MAIO/JUNHO, Associação Médica, 2003.
    ROSEN, G. – Uma Historia da Saúde Pública, Trad. de Marcos Fernandes da Silva Moreira, S.P. Hucitec , Unesp, 1994, pág. 21.
    7. ROSEN, id. Ib. .-pags; 21-22.
    8. ROSEN, G. – Uma Historia da Saúde Pública, Trad. de Marcos Fernandes da Silva Moreira, S.P. Hucitec, Unesp, 1994, pág. 21.
    9. VIANNA, A. L. Á. Et allii. A reforma do sistema de saúde no Brasil e o Programa de Saúde da Família. PHYSIS: Revista de Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, 1998.