Olavo Gabriel Diniz
Ocupou a Cadeira 51, no período de 22/11/1970 até 01/03/1994.
Olavo Gabriel Diniz nasceu no “Coração de Minas” e porta de entrada do sertão, Curvelo, no dia 18 de novembro de 1913. Era filho de Antônio Gabriel Diniz e Balbina Moreira Diniz. Fez o curso primário no Grupo Escolar de Curvelo e o ginasial no Ginásio Dom Silvério, em Sete Lagoas e, em Belo Horizonte, no Colégio Arnaldo.
Formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais (UMG), em 8 de dezembro de 1937. Entre seus colegas de turmas, podem ser citados médicos eminentes como Joaquim Romeu Cançado, José Bartolomeu Greco, João Batista Veiga Salles, Geraldo Queiroga, Levy Coelho da Rocha dentre outros.
Foi interno na Cadeira Pediátrica Médica, do professor Mello Teixeira, de 1934 a 1937 e, após formar-se, exerceu atividade de clínica pediátrica em Garça, São Paulo, de 38 a 40. Retornou à cadeira do professor Mello Teixeira na condição de Assistente
Voluntário, de 40 a 41, ocasião em que voltou à terra natal para ser chefe da Clínica
Pediátrica do Hospital Santo Antônio, a qual deixou em 1944.
Segundo o médico historiador João Amílcar Salgado, professor da Faculdade de Medicina, quando falava do centenário de Belo Horizonte, a tuberculose teve uma influência marcante nos destinos da Capital, bem como da Faculdade de Medicina, já que por causa dela ou para fugir dela, ilustres figuras brasileiras vieram parar aqui, em busca dos puros e curativos ares. Pois bem, da mesma forma a tuberculose marcou o destino de Olavo.
Recém-chegado a Curvelo foi ele convocado pelo ilustre médico-cirurgião e homem público local, doutor Benjamim Jacob, que imponente a seu lado, acompanhou o exame feito pelo jovem médico. De propósito lhe escondeu um dado anamnéstico importante. Doutor Olavo termina o exame, volta-se para ele e diz: “Para mim é meningite tuberculosa”. “Doutor Benjamim lhe indaga: Tem certeza?”. Ao que Olavo responde: “para o senhor só após os resultados dos exames, para mim, não tenho
dúvida”. Doutor Benjamim abre-se num largo sorriso e lhe diz que a mãe da criança havia estado em tratamento de tuberculose em um sanatório. Aquele sorriso, após o
diagnóstico e a resposta de Olavo, traduziu sua percepção que acabara de conhecer não só um futuro grande médico, mas também, um grande homem. Vários encontros aconteceram entre os dois até que um dia outro largo sorriso abriu-se novamente no rosto do doutor Benjamim. Foi quando abriu as portas de sua casa para que por ela entrasse Olavo Gabriel Diniz, tão firme e decidido como no primeiro encontro, desta vez para pedir em casamento a mão de sua filha Maria Helena, com quem se casou em 20 de junho de 1943. Dessa relação amorosa nasceram seis filhas.
Em Curvelo, Olavo, homem de coragem e visão mais elevada, conquistou a Carta de Piloto de Aeronave de Recreio, em 1943. De sua cidade, ele foi para o Rio de
Janeiro onde fez o curso de Puericultura e Administração, no Ministério de Educação e Saúde, obtendo o diploma em 1946. Nessa cidade fez também o curso de Tisiologia Infantil, com o professor Aloísio de Paula, e o de Penicilinoterapia da Sífilis Infantil,
com o professor Serra Castro.
No ano de 1956 ocupou o cargo de Assistente da Cadeira de Clínica Pediátrica da Faculdade de Ciências Médicas, cujo chefe era o seu mentor e grande amigo, professor Costa Chiabi. Entre suas atividades científicas, além dos cursos já citados, destacam-se a pesquisa sobre Bacteriologia e Alergia, no Serviço da Clínica de Alergia do doutor Oliveira Lima. Participação ativa no 1º Encontro Nacional sobre Esquistossomose Mansônica; Temas Médicos na TV Itacolomy e Rádio Guarani. Finalmente uma pesquisa sobre a figura física de Jesus, consultando ampla bibliografia e de cujos resultados publicou o trabalho intitulado “O Retrato de Jesus”.
Olavo recebeu o título de Especialista em Pediatria, pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Médica Brasileira em 1979. Pelas suas características de
homem sério, dinâmico, eficiente e desprendido, ocupou cargos de tesoureiro por quase todos os lugares onde passou. Assim foi tesoureiro do Aero Club de Curvelo,
em 1943; da Diretoria da Associação Médica, 67-68, da qual foi também membro da Comissão de Finanças, de 73 a 83, chegando a presidi-la em seu último mandato; e
1º Tesoureiro da Academia Mineira de Medicina, por ocasião de sua fundação, cargo que viria a ocupar novamente de 83 a 87.
Segundo ainda o historiador João Amílcar Salgado, Olavo Gabriel era solícito e incansável no atendimento domiciliar à criançada. Foi, contudo, sempre negligente
quanto aos honorários tendo herdado do pai a vocação para não enriquecer. Este, formado na fase áurea da Escola de Farmácia de Ouro Preto, fornecia a maioria dos
remédios sem cobrar o que o fez desistir da profissão, apetecendo-lhe mais os bálsamos das letras e menos os das retortas. Antônio Gabriel ajudou no alívio de muito
sofrimento, mas, apoiado na nova profissão de tabelião, ficará eternizado como historiador primaz da cidade de Curvelo.
Pelas qualidades culturais e representativas Olavo foi, também, representante junto a conselhos superiores, Assembléia de Delegados, revistas e jornais médicos.
Em suas atividades associativas destacam-se ainda: presidente da Sociedade Mineira de Pediatria no ano de 1963; sócio fundador da Sociedade Brasileira de Alergia em 1946; sócio fundador da Academia Mineira de Medicina em 1970; membro da Sociedade Mineira de Pediatria, ocupando os cargos de vice-presidente em 1962 e de
presidente em 1963; em 1966 foi seu orador. Em 1970 foi Conselheiro do Conselho Regional de Medicina e seu 1º Secretário, em 1972. Olavo, que não se prendeu apenas
a associações médicas foi o sócio benfeitor do Clube Atlético Mineiro (tendo sido sócio benemérito); sócio fundador do Barroca Tênis Clube; do Pampulha Iate Clube;
do Clube Umuarama; além de sócio do Jóquei Club de Minas Gerais e do Automóvel Club de Minas Gerais.
Olavo faleceu em 30 de novembro de 2003.
Em destaque final, suas distinções:
• Medalha de Honra ao Mérito pela AMMG e Sociedade Mineira de Pediatria (1987)
• Agraciado com a Medalha de Honra ao Mérito por serviços prestados à Academia Mineira de Medicina (1980)
• Olavo Gabriel Diniz foi homenageado pela Sociedade Mineira de Pediatria, sendo indicado para Patrono da Cadeira Nº 18 da Academia Mineira de Pediatria.
Fonte: Site da Academia Mineira de Pediatria
http://www.smp.org.br/arquivos/site/institucional/68.pdf