Galba Moss Velloso
É o patrono da Cadeira 23.
Nasceu Galba Moss Velloso na fazenda da Bocaina, no município de Cataguases, na Província de Minas Gerais, no dia primeiro de 1889, filho de Joaquim Pires Velloso e de Paulina Moss Velloso.
Fez o curso primário e o secundário no Colégio São Bento, no Rio de Janeiro, onde foi aluno de Carlos de Laet.
Ainda estudante, iniciou-se no jornalismo, colaborando no Jornal do Comércio, o que nunca mais deixou de fazer, sempre que as circunstâncias o exigissem.
Como acadêmico, foi interno da “Assistência Pública” e da Clínica Neurológica do Professor Antônio Austragésilo.
Concluiu o curso médico em 1915, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e defendeu a tese de título “em torno ao sinal de Babinski”, escrita com apuro de linguagem.
Após formado, clinicou em Conquista de Itaúna (hoje Itaguara), depois em Claúdio e Pará de Minas, todas elas cidades mineiras.
Em Pará de Minas, de 1918 a 1922, ao lado da atividade profissional, engajou-se na política local e dirigiu o jornal “O momento”, órgão do partido do qual era membro.
Durante a epidemia da gripe espanhola, de 1918, foi o único médico da cidade a não contrair a doença, o que lhe exigiu um trabalho demasiado. De casa em casa, socorrendo a todos.
Foi Delegado da Higiene do município, exercendo assim, concomitamente, a medicina preventiva.
Convocado pelo Secretário de Estado, Melo Viana, para o corpo clínico do recém-inaugurado, Instituto Neuro-Psiquiátrico de Belo Horizonte (atual Raul Soares), transferiu-se para a Capital mineira, encontrando então condições para realizar-se como especialista.
Exerceu a Psiquiatria com tal habilidade, que é considerado como o divisor de águas entre a conduta segregativa e a nova visão da medicina científica. Introduziu modalidades de terapêuticas, especiais, como malarioterapia e convulsoterapia com injeções endovenosas de cardizol, depois pelo eletrochoque, a piretoterapia e a insulinoterapia (método de Sakel).
Segundo um seu ex-aluno, não era filiado a nenhuma escola psiquiátrica rígida, mas com ecletismo e talento, aproveitava de cada uma, o que ela possuía de fundamental e mais adequado.
Assumiu uma posição de absoluta liderança na Psiquiatria mineira do seu tempo.
Instalou um Laboratório de Análises, melhorais no parque de recreação e restaurou a área de atividades da Fisioterapia no Instituto.
Como clínico ou como professor, nuca se alheiou da vida pública, participando de alguns movimentos políticos e subscrevendo o Manifesto dos Mineiros, no período da ditadura Vargas, o que lhe valeu a sua destituição da Direção do Instituto.
Foi lente contratado da Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, em 1927, e Livre-docente, em 16 de novembro de 1928, Cátedra de Psiquiatria. Lecionou Farmacologia, interinamente, e Psicologia no curso médico. Sua tese de Livre Docência foi: “Malarioterapia na Moléstia de Bayle”.
Produziu trabalhos como ensaio “Tendências da Psicologia Moderna”, “Perícias Medico-legais”, “Exames perícias de uxoricidas” e “Problemas médicos-sociais da Atualidade”, em colaboração.
Na faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais, como professor contratado, regeu a cadeira de Psicologia Forense, de 1931 a 1933, nos cursos de doutorado e bacharelado.
Em 1934, assumiu a direção do Instituto Raul Soares.
Criou o órgão oficial “Arquivos de Neurologia e Psiquiatria” e dirigiu de 1939 em diante.
Seu nome é memorável pelo muito que realizou na vida: em Pará de Minas, como gratidão, o povo deu o nome “Praça Galba Velloso” a um logradouro público, em Belo Horizonte, o “Hospital Galba Velloso” marca sua atuação na assistência ao doente mental.
Na ciência psiquiátrica está citado lado de Pinel, Juliano Moreira e outros notáveis.
Faleceu em sete de março de 1952.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida