Affonso Silviano Brandão
Ocupou a Cadeira 3, no período de 22/11/1970 até 01/02/1980.
Affonso Silviano Brandão
À medida que flui o tempo, mais me empolgo com os livros de memórias, reminiscências que contribuem enormemente para a história. Como se aprende! É o caso de “Na vivência do meu tempo”, de Affonso Silviano Brandão, cuja a primeira edição é de 1977 e a segunda de 2013, saindo a lume aquela três anos após falecimento do autor.
Affonso foi um dos fundadores do América Futebol Clube e da Faculdade de Ciências Médicas, ao lado de Lucas Machado, entre outros vultos da história belo-horizontina, mesmo mineira, que ganharam expressão e grandeza desde que a capital do Estado se transferiu de Ouro Preto. É um tema fascinante, que deveria merecer mais atenção de professores e alunos. O bom exemplo pode vir do passado.
O memorialista era filho de Francisco Silviano de Almeida Brandão. Médico na capital mineira, o pai se deslocava, para atender algum cliente, montado a cavalo. As pessoas o viam assim nas ruas e o admiravam. Presidente de Minas e vice-presidente eleito da República, faleceu de problemas cardíacos aos 54 anos. Foi um dos que perderam a vida no Palácio da Liberdade, como aconteceria bem anos após com Olegário Maciel.
Segundo Augusto de Lima, sua fisionomia era espelho de bondade. No Palácio, a família levou uma existência normal, com uma criação e uma educação marcadas pela prática dos princípios morais, de civilidade, cortesia e solidariedade humana, como registrou Affonso, que também escolheu a medicina como profissão.
O filho confessa que, com a morte do pai-presidente, a viúva Ester não pôde contar com o amparo financeiro de que precisava. Ela ficou cinco dias no Palácio porque não tinha para onde ir, sem moradia na capital ou em qualquer outro lugar. O padrinho Adalberto Ferraz abrigou-se seus filhos em sua casa, nas proximidades da praça hoje Milton Campos.
A viúva teve de passar um ano em uma fazenda do irmão em Jacutinga. O filho recorda: sem qualquer renda fixa, a não ser a ajuda de sobrinhos e enteados, minha mãe passou por grande dificuldades e tropeços. Chegou a costurar para fora para sobreviver com os seus. E tinha de manter as aparências pela circunstância de viúva de um ex-presidente. O montepio do irmão mais velho, militar residente em Rio de Janeiro, veio amenizar suas constantes privações. Entregou sua alma a Deus aos 88 anos, a 25 de julho de 1956.