É com muito pesar que a Academia Mineira de Medicina comunica o falecimento na manhã de hoje de seu Membro Titular e Ex-Presidente Gilberto Madeira Peixoto. A AMM expressa seu mais profundo pesar pela perda deste homem, médico, historiador da medicina e cidadão. À sua esposa Suzana Maria Cruz Peixoto e seus filhos Leonardo e Fabiano manifestamos nosso profundo pesar.
O funeral ocorre no Funeral House, à Av. Afonso Pena 2158, Funcionários, Belo Horizonte, hoje, quinta-feira de 19,00 a 22,00 h. e amanhã, sexta-feira, de 7,30 às 11,00 h.
DUAS FIGURAS MAIORES DA MEDICINA MINEIRA
João Amílcar Salgado
Cláudio Almeida de Oliveira e seu irmão Sérgio, foram meus companheiros como
internos no colégio Marista em Varginha. O Cláudio e eu fomos ali campeões de voleibol.
Nós três estudamos medicina em Belo Horizonte e, com seu irmão Zoroastro, moramos
na República Remanso de Hipócrates. A seguir nos tornamos docentes. Há pouco, no
Congresso Brasileiro de História da Medicina em Itajubá, expus, a convite, a História da
Medicina do Sul de Minas. Ali coloquei em um pedestal a equipe de três médicos: o pai
Zoroastro Oliveira e os dois filhos Cláudio e Sérgio, que reservavam um mês de cada ano
para reproduzir no Brasil a saga dos Mayo nos EUA. Os Mayo eram o pai William Mayo
e seus dois filhos, William e Charles, edificadores de um dos maiores centros médicos do
mundo. Mais um trio, o dos Paulino, no Rio, fez proeza igual. Diante disso, passei a
especialista em equipe mínima de médicos. Desde a adolescência, o Claudio nada mudou:
estudioso, conversador, galante e excepcionalmente atencioso com todos. Sua elegância
levada à medicina, transbordava em habilidade cirúrgica. Seu conhecimento anatômico
ultrapassava a ciência e lhe infundia verdadeiro prazer estético. Parecia ter pudor da
cultura que acumulou pela vida afora, a qual testemunhei em conversas sem fim.
Gilberto Madeira Peixoto foi meu aluno numa das mais brilhantes turmas de
medicina da UFMG, graduada em 1964. Ele trazia consigo duas preciosas tradições
coloniais, a de Minas e a da Bahia. Cultivou com brilho seu pendor nato para a oratória.
Veio a ser uma das três maiores autoridades brasileiras em medicina do trabalho. Causei-
lhe imensa alegria quando declarei que Minas ocupava posição invejável no país, por ter,
no topo da medicina do trabalho, cinco ilustres representantes: Carlos Chagas, Antônio
José Vieira de Carvalho, Carlos Martins Teixeira, Maurício Mauro Martins e Gilberto
Madeira Peixoto. Para coroar tudo isso passou a cultivar cada vez mais a história de sua
região e a respectiva história da medicina. Nesta condição ele tinha consciência da
importância histórica de gigantes aí nascidos: Joaquim Soares Meireles (patrono médico
de nossa Marinha), Sinfronio de Abreu (pioneiro anestesiologista no país), Hilário de
Gouveia (iniciador da oftalmologia brasileira) e vários astros do clã Viana – dos quais
contribuiu para impedir qualquer olvido. Seus variados contributos à Academia Mineira
de Medicina e ao Instituto Histórico são dívidas permanentes, seja das instituições, seja
nossa, de seus pares.
O autor é professor titular de Clínica Médica da UFMG e criador do Centro de Memória da Medicina de MG