Os precursores dos hospitais no mundo ocidental, no século VI, eram albergues anexos às igrejas, destinados a acolher peregrinos. Daí a origem etimológica do termo, que vem do latim hostis: lugar onde acolhem-se estrangeiros.
Com o crescimento da população e da pobreza urbana ao longo da idade média essas instituições foram ampliadas, especialmente a partir do século XII, com recursos dos dízimos das Cruzadas. Passaram a ser recolhidos os pedintes miseráveis, cuja convivência social representava risco à burguesia de então. Não eram aceitos os que apresentavam supostas doenças infecciosas, como os “pestilentos” e os acometidos do “grande mal” (epilepsia).
Os cuidadores eram clérigos, que tinham um embrião da cultura médica. Duas vezes por semana passava o “barbeiro”, que com suas lâminas tratava feridas e amputava membros gangrenados. Ao longo do tempo os hospitais passaram a acolher “alienados” e a funcionar como verdadeiros cárceres.
Nesses “hospitais” praticava-se caridade, não assistência médica. O que menos havia eram médicos e medicina. Como veremos, os médicos só começaram a se aproximar dos hospitais a partir do fim do século XVIII e a Revolução Francesa teve grande papel nisso.
Fonte: Jean-Noël Fabiani, “La fabuleuse histoire de l´hôpital”.