Eurípedes da Costa Prazeres
É o patrono da Cadeira 74.
Eurípedes da Costa Prazeres, filho de João Câncio da Costa Prazeres e de Cândida Chaves da Costa Prazeres, nasceu em Caeté, no Estado de Minas Gerais, no dia 10 de junho de 1895.
Curso as primeiras letras em Ubá, onde, a seguir, ingressou no ginásio São José. Transferiu-se para a Academia do Comércio e Juiz de Fora e, por fim, para o Ginásio de Leopoldina, todas estas cidades de Minas Gerais.
Diplomou-se médico em 1926 pela Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, aos 31 anos de idade.
Uma curiosidade na vida do Dr. Prazeres, como era conhecido, é que, apesar de não ser engenheiro, foi Chefe do Serviço de Obras da Secretaria de Agricultura do Estado, tendo sido a ele confiadas missões importantes pelos Presidentes do Estados de Minas Gerais, Drs. Mello Viana e Antônio Carlos de Andrada, em Poços de Caldas, Lambari, Cambuquira e São Lourenço – como fiscal, junto a Empresa de Águas.
Elegeu São Lourenço como a cidade em que moraria. Ali exerceu a clínica médica e tornou-se um dos mais conceituados Crenólogos do Brasil.
Publicou teses revolucionárias sobre o emprego da água mineral no tratamento de várias doenças. A seu conselho, as instalações do balneário foram remodeladas, o que atraiu pacientes de todo país.
Na revolução de 1932, como Legalista, foi o primeiro médico a chegar ao Túnel do município de Passa Quatro, local da resistência à invasão paulista, tendo contado com participação de dezesseis bravos companheiros.
Instalou um Hospital de Campanha no Grupo Escolar Mello Vianna, em São Lourenço, no qual era médico-chefe. No topo da escadaria de entrada do Grupo, a Polícia Militar de Minas Gerais afixou, em reconhecimento, uma placa lembrando o feito. Recebeu condecoração post-mortem com a medalha “Cel. Fulgêncio de Souza Santos”.
Com a autonomia político-administrativa das Estâncias Climáticas já referidas, foi eleito o 1º Prefeito de São Lourenço, estendendo-se seu mandato de 08/12/1947 a 31/11/1951.
Durante o período de suas atividades executivas, realizou muitas ações na cidade e em prol dos seus habitantes. Entre estas se destacam: Levantou recursos para eliminar o angustiante problema da deficiência de energia elétrica na cidade; lançou a pedra fundamental para a construção do Hospital local em terreno adquirido na sal gestão; construiu o Posto de Puericultura, no qual trabalhou gratuitamente por muitos por muitos anos; conseguiu junto ao Governo Estadual a instalação do Posto de Saúde; terminou as obras de construção do serviço de captação e distribuição de águas; tornou possível a instalação do Colégio Normal na cidade; dotou a cidade de merenda escolar (sendo nisso o pioneiro no Estado); organizou uma horta comunitária para prover o asilo, o orfanato e os garis; auxiliou estudantes carentes, com calçados, roupas e medicamentos.
Após deixar a Prefeitura, foi vereador por quatro legislaturas consecutivas e, como tal, foi escolhido para Presidente da Câmara Municipal.
Participou da fundação de quatro entidades recreativas e sociais da cidade.
O Jornal “A Estância” de 11 de setembro de 1955, sob o título “O último cliente”, relata.
“Foi em circunstâncias extraordinariamente difíceis que o Dr. Prazeres prestou seu último serviço de médico a um cliente.
Poucos dias antes da sua morte, já inteiramente privado dos movimentos das pernas e do braço esquerdo, adentra a sua residência pela porta dos fundos, sobressaltada, a doméstica Maria Lúcia de Jesus, trazendo nos braços, seu filho menor. A criança estava com alarmante hemorragia nasal. A esposa do médico procurava explicar a inteira impossibilidade física do marido para atender ao paciente, aconselhando-a a que procurasse rapidamente um dos seus colegas da cidade. Dr. Prazeres ouvindo, porém, os conselhos ponderáveis da esposa mandaram que trouxessem o menor, ao seu quarto. Estava deitado em uma cama hospitalar e pediu aos familiares que suspendessem a cabeceira. Solicitou que buscassem pinças e algodão tipo “Oxicel” no seu gabinete. Não tendo forças para executar de pé, a tarefa, pediu que colocassem a criança deitada ao longo do seu corpo e num esforço supremo, tamponou as fossas nasais daquele que merecia um gesto da sua conhecida solidariedade humana.
Saiu contente a mãe aflita, e a esposa do médico, também satisfeita trocou-lhe as vestes manchadas de sangue daquele que seria seu último cliente.
Faleceu o Dr. Eurípedes da Costa Prazeres no dia 28 de agosto de 1955, dia em que não houve sessão de cinema nem outra atividade lúdica em São Lourenço.
Recebeu inúmeras homenagens póstumas e um busto na Praça Brasil. Foi um médico que se notabilizou pela sua trajetória ímpar, plena de virtudes.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida