João Henriques de Freitas Filho
Ocupou a Cadeira 68, no período de 10/05/1975 até 01/04/2010.
João de Freitas (João Henriques de Freitas Filho), filho de Tercília e João Henrique, nasceu em Sabará, Estado de Minas Gerais, Brasil, 1918. Formado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 1945. Fundador do Centro de Estudos Médicos Carlos Chagas, aluno fundador da Faculdade de Filosofia da UFMG. Assistente de Patologia, professor Constantino Mignone, Universidade de São Paulo (USP), assistente de Patologia, professor Luigi Bogliolo, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor titular de Patologia Geral na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Professor titular de Medicina Legal e Deontologia nas Faculdades de Medicina e de Direito da UFMG, na Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas).
Membro da Academia Mineira de Medicina e do Ateneu Mineiro (Academia de letras). Consultor ad hoc do CNPq.
1) Arnaldo Niskier, presidente da Academia Brasileira de Letras: “Há prefácios que você faz por obrigação. Outros para ser gentil. No caso do Dr. João de Freitas, é um prazer colocar algumas despretensiosas achegas em seu excelente e bem escrito ‘Carta ao Reitor’. Esta é uma obra de amor e educação”.
2) Daniel Serrão, professor universitário, Portugal, uma das maiores autoridades em bioética da Europa, apreciou o livro Ética para ser Feliz, de João de Freitas, nestes termos: “É um discurso, escrito fascinante pelo estilo reflexivo de quem sabe muito e usa o essencial para comunicar. O Capítulo II e também, o Capítulo III são estruturantes. O Capítulo IV situa a Ética no seu lugar próprio, recusando os lugares comuns. E os restantes capítulos de Ética são originais e com muito subtis reflexões. Foi um grande proveito intelectual que recebi do que já li e vou completar a leitura dos Fragmentos do Tomo II que antevejo igualmente fascinante.”
3) O expoente da docência da PUC-Minas, Walter T. Álvares no prefácio para o livro de João de Freitas, Educação do Berço: “João de Freitas não precisa prefácio para anunciar seu sistema filosófico, a menos que também contra ele, estejam urdindo uma conspiração como a que fizeram a Bloy.”
4) expoente da docência da UFMG, Anis José Leão, no prefácio para o livro de João de Freitas Introdução à Filosofia do Direito, escreveu o seguinte trecho: “João de Freitas é avis rara no Brasil e aqui nas Gerais. É, ele pensa, tem cabeça própria, e seu pensamento é simples, limpo, enxuto, claro, daquele tipo de gente que sabe dizer e diz logo. Não se utiliza da feitiçaria verbal dos filósofos profissionais, que escondem, nos desvãos das palavras metidas a sebo, a fraqueza do pensar, que é nenhum, porque é cópia e pastiche… Bem, fiquemos por aqui. O leitor que se cuide. O verbo do autor é sedução, poesia e tutanos.”
5) O expoente da filosofia tradicional no Brasil, padre Orlando Vilela, publicou no principal jornal do Estado de Minas a seguinte matéria, respeitando ao livro de João de Freitas, Passos da Vida: “… Confesso que com esse livro o Dr. João de Freitas muito me surpreendeu. Conheço o médico dedicado, o cientista apaixonado por pesquisas de ordem biológicas, o especialista em assuntos do coração. Mas ignorava completamente o escritor, o artista que Passos da Vida veio revelar. Trata-se sem dúvida, de um belo livro, a um só tempo, simples, penetrante, humano, delicado e muito bem escrito. Infelizmente, a meu ver, a crítica profissional –seja a metropolitana seja a provinciana, principalmente aquela – ainda não deu a Passos da Vida o tratamento que merece. E, com isso, com esse seu pelo menos relativo silêncio, está cometendo uma grande injustiça. Passos da Vida merece que se fizesse em torno dele um grande alvoroço.”
6) Uma das maiores figuras da ciência médica no Brasil, conhecida internacionalmente, Jayme Neves, na apresentação do livro Bioética , de João de Freitas, refere pesquisa de João de Freitas, da maior importância. Ainda agora, está sendo perpetrada imensa injustiça, em São Paulo, tão só porque a referida pesquisa é ignorada pelas autoridades jurídicas, policiais e médicas: … a morte tímica, contestada nos meados do corrente século por autores norte-americanos renomados, como Alan Moritz, e mais tarde contestada igualmente por autores europeus de renome, como Bernard Knight. O argumento levantado contra a morte tímica funda-se principalmente na inaptidão do timo grande para comprimir a traquéia. João de Freitas demonstrou que o timo pode comprimir a traquéia e provocar a morte por asfixia (sufocação), não em virtude do seu tamanho (hiperplasia), sim em razão de haver sofrido tumefação aguda, pelo menos de três tipos distintos:
1) tumefação aguda congestiva;
2) tumefação aguda hemorrágica (apoplexia do timo);
3) tumefação aguda edematosa (grande timo branco).”
7) Quiçá, o mais titulado em literatura, no Brasil, o literato Paulo Verdão, Professor Titular de Literatura Portuguesa na PUC-Minas, fundador e presidente do Ateneu Mineiro, prefaciou para o livro (poesias) de João de Freitas Heloísa.
“A nota prevalente nos escritos de João de Freitas é o amor, base de sua ética: o amor do homem a si, que não difere do amor ao próximo (Em João de Freitas, amar a si e não amar ao próximo como si exprime o egoísmo, não o amor); o amor do homem a si, que naturalmente se converte no amor dele a Deus ( em João de Freitas, o homem ama a Deus quando ele se ama. O amor do homem a Deus assemelha-se ao do filho ao pai. Como o filho ama o pai? O filho ama o pai quando ele ama a si próprio: se o filho amasse a si, fazendo para si o bem, e só o bem, o pai seria feliz com ele, e com ele o pai seria só feliz. Em João de Freitas o termo pecado tem um sentido distinto: o homem ofende a Deus quando se ofende.) De verdade, a obra literária de João de Freitas brotou de sua vida como as rosas brotam das roseiras. O prof. Anis José Leão assim termina o prefácio do livro ciência e filosofia: “ Bem, fiquemos por aqui. O leitor que se cuide. O verbo do autor é sedução, poesia e tutanos”. (FREITAS, João de.ciência e filosofia. Belo Horizonte: Imprensa da UFMG, 1981. p.14). O amor faz de João de Freitas um romântico nato, é a fonte natural do seu lirismo, diga-se com ênfase, um lirismo que em momento algum degenera em exagero, em sensualismo, em escândalo.
Ao falar a respeito do lado luminoso de Antero de Quental, o prof. Delson Gonçalves parece estar falando sobre João de Freitas: “O Antero luminoso é filósofo e reformador social; apóstolo e servidor da justiça. Um batalhador do bem”. (FERREIRA, D.G. Língua e Literatura Luso-Brasileira. 6ª ed. Belo Horizonte: Bernardo Álvares S.A., s.d., p.191). Nunca diria que João de Freitas representa uma reação ao modernismo, menos ainda uma tentativa corajosa de volta ao classicismo ou ao romantismo. Nada disso. João de Freitas mais parece um típico verdanista, acima de escolas literárias, modismos em literatura, como se em literatura o transitório valesse mais do que o perene. João de Freitas reage, agora sim, contra a noção de liberdade adotada e cultivada pelo modernismo, dado que, para aquele pensador, o termo liberdade significa o poder de cumprir a obrigação: em João de Freitas o amor do homem a si o obriga ao seu bem, e o cumprimento desta obrigação requer a liberdade. Em outras palavras, a liberdade não é expressa pelo poder de pecar (liberum arbitrium), sim pelo poder de atingir o bem (libertas).
Para avaliar-se a produção de João de Freitas conviria conhecer o essencial do ponto de vista dele sobre o mundo e a vida. Aliás, nada a estranhar nisso, já que, no curso dos tempos a literatura representou um reflexo do entendimento do homem a respeito de si mesmo e das coisas. Por causa disto, obrigo-me a apresentar um ponto cardeal da Filosofia, em João de Freitas, com base nos seus livros, (Ética para ser Feliz e Dignidade e Modernidade. Belo Horizonte: Folium, 2009 e 2010).
Fonte: Blog Prof. João de Freitas
http://professorjoaodefreitas.com/