Ezequiel Caetano Dias
É o patrono da Cadeira 67.
Nasceu Ezequiel Caetano Dias, filho de Caetano Dias e de Elisa Gonçalves Dias, em Macaé, Província do Rio de Janeiro, no dia 11 de maio de 1880.
Seus primeiros estudos ocorreram no colégio do pai, que inicialmente existiu em Macaé, sendo depois transferido para Campos dos Goitacazes, ou simplesmente, Campos, na mesma Província.
Os preparatórios foram realizados em sua cidade natal e, aos 16 anos, ele viajou para a cidade do Rio de Janeiro, onde, cumprindo a vontade de seu progenitor, faz o curso de Farmácia na Faculdade de Medicina e Farmácia do então já Estado do Rio de Janeiro.
Escreve ao pai: “acabo de fazer sua vontade: vou agora cumprir a minha e terminar o Curso Médico” (Algumas matérias cursadas em Farmácia eram aproveitadas no Curso de Medicina, de acordo com a legislação da época).
Durante o Curso Médico freqüentava como acadêmico o Instituto Soroterápico, sob a direção científica de Oswaldo Cruz. Concomitantemente era responsável pela farmácia Laranjeira, o que o ajudava nas despesas de estudante que necessitava prover a sua subsistência.
Teve com Oswaldo Cruz um aprendiz rápido e eficiente de pesquisas bacteriológicas e medicina experimental.
Em 1902, devido a atrito entre o Diretor Geral e Oswaldo Cruz, este pede demissão e com ele, em solidariedade, sai também Ezequiel Dias. Prestigiando, Oswaldo Cruz é readmitido como Diretor Geral, com ele retornando o amigo Ezequiel Dias.
Findo o Curso Médico na Faculdade de Medicina, apresenta a tese: “Hematologia normal no Rio de Janeiro” e obtém o grau de doutor em 1903.
No ano de 1904, toma parte numa Comissão designada para fazer pesquisas sobre beribéri e, no ano 1905, é enviado ao Estado do Maranhão como Diretor de Higiene e do Laboratório Bacteriológico. Oswaldo Cruz foi ver os resultados do trabalho de Ezequiel Dias naquele Estado e hospedou-se na casa do amigo e, então, já concunhado. O Laboratório estava completamente instalado e os ensinamentos que havia passado aos seus comandados produziram ótimos resultados.
Ezequiel Dias contraiu doença pulmonar que exigia tratamento em local adequado, com clima ameno, sendo indicada a cidade de Belo Horizonte como o ideal.
Oswaldo Cruz ajuda o amigo dando-lhe a oportunidade de montar uma filial de Manguinhos na capital mineira, aonde chega em 1906. Em 1907 a filial é inaugurada sem a presença de Ezequiel Dias, pois seu estado de saúde não o permitiu ali estar na data festiva.
Além do trabalho em Laboratório, dedicava-se à pesquisa de campo. Em 1911 acompanhou Carlos Chagas a Lassance, em Minas Gerais, com a finalidade de examinar e avaliar os aspectos hematológicos dos doentes, meta de estudos do companheiro. Nesse mesmo ano foi fundada a Faculdade de Medicina de Belo Horizonte com 12 médicos e um farmacêutico à frente deste empreendimento; entre eles, estava Ezequiel Dias.
Assumiu a Cadeira de Microbiologia, permanecendo como Catedrático até sua morte. Ocupou o cargo de Diretor da Filial do Instituto “Oswaldo Cruz”, fundado por ele em Belo Horizonte.
Produziu vários trabalhos, dos quais dois já no leito. Destacam-se “Estudos hematológicos na Moléstia de Chagas”, “Estudos experimentais sobre o Anaplasma” em colaboração com H. Aragão e “Contribuição ao Estudo da Peste dos Pulmões”, este em colaboração com Marques Lisboa. “Adenomicose Endêmica”, Pesquisas etiológicas na Leucemia”, “ O Instituto Oswaldo Cruz”, “Lição inaugural de Microbiologia na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte” e “Notas sobre Oswaldo Cruz”, em que traça um perfil extraordinário do mestre e amigo que o tinha como discípulo predileto. Outra obra da maior importância foi “Profilaxia dos Escorpiões” em colaboração com os Drs. Samuel Libânio e Marques Lisboa.
A sua vida não se resumiu apenas à atividade científica; ele deixou ensaios e poesias.
Faleceu em 22 de outubro de 1922. Foi um magnífico exemplo de pesquisador, com muitos seguidores. A filial de Manguinhos, por ele dirigida em Belo Horizonte, hoje realiza pesquisas e produz medicamentos, vacinas, soros antiofídicos e antiescorpiônicos com a denominação de Instituto Ezequiel Dias. Entre as várias homenagens recebidas está a Alameda Ezequiel Dias, na região hospitalar de Belo Horizonte.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida