Joaquim de Santa Cecília
É o patrono da Cadeira 27.
Nasceu Joaquim de Santa Cecília em primeiro de janeiro de 1886, em Ouro Preto, Província de Minas Gerais, filho de Antônio Santa Cecília e de Maria Sofia de Santa Cecília.
Fez o curso preparatório em Outro Preto e se diplomou em 1905, aos 19 anos, pela Escola de Farmácia daquela cidade, depois de um curso brilhante.
Transferiu-se para Belo Horizonte, onde trabalhou como farmacêutico, na Santa Casa de Misericórdia, e o convívio com médicos e doentes despertou-se lhe o desejo de cursar medicina.
Matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1908, no 2º ano do curso médico, vindo a diplomar-se em 1912, tendo sido aluno do Professor José Antônio Fialho, na Cadeira de Oftalmologia.
Retornou para Belo Horizonte em 1913, voltando a trabalhar na Santa Casa, porém, como assistente de Dermatologia do Professor Antônio Aleixo, além de fazer algo de cirurgia geral.
Em 1914, cria um serviço de Oftalmologia, na Santa Casa de Misericórdia, o qual chefia por quase 30 anos.
Em 1915, começa a clinicar como oculista contratado no Hospital Militar da Força Pública de Minas Gerais, ali permanecendo por 28 anos.
Ainda em 1915, foi indicado para substituto do Professor Honorato Alves, responsável pelo ensino da Oftalmologia na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte.
Em janeiro de 1916, foi aprovado no concurso para preenchimento de vagas, com a tese “Catarata Traumática e seu tratamento”, para Livre-Docente de Cadeira de Oftalmologia da Faculdade de Medicina.
Resolveu ir para São Paulo, onde fez um curso de aperfeiçoamento, durante dois anos, como Professor Brito e, ao retornar, reiniciou suas atividades.
Em 1932, realizou, na Santa Casa de Misericórdia, o primeiro transplante de córnea em Minas Gerais, logo após chegar da Europa, onde fizera estágio com o Professor Arruda na Espanha.
Participou ativamente da Revolução Constitucionalista de 1932, chefiando o Serviço de Saúde do Túnel de Passa Quatro,
Fazia freqüentes viagens de estudos, tendo passado uma temporada em Campinas, no Instituto Burnier, e, depois, na Argentina e no Uruguai.
Em 1934, viajou para a Europa e, ao regressar, conseguiu, em 1935, fundar a Sociedade de Oftalmologia de Minas Gerais, da qual foi o primeiro Presidente, encerrando assim a fase de dissidências na classe.
Em 1939, organizou e presidiu o 3º Congresso Brasileiro de Oftalmologia com grande sucesso, devido aos seus esforços e à sua capacidade de organização.
Exímio cirurgião, apesar de ter visão monocular, realizou inúmeras cirurgias oftalmológicas, inclusive delicadas operações de cataratas, intra-capsulares, registradas no arquivo da Clínica Oftalmológica da Santa Casa.
Gozava do maior conceito tanto em Minas Gerais como no restante do Brasil. Produziu vários trabalhos científicos. Era membro de Sociedades Científicas nacionais e internacionais.
Regeu a Cátedra de Oftalmologia da Faculdade de Medicina por diversas vezes e estava no exercício dela quando faleceu, em 28 de setembro de 1941. Nesse último dia de sua vida, praticara uma enucleação de urgência.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida