Antônio Gonçalves Gomide
É o patrono da Cadeira 17.
Nasceu Antônio Gonçalves Gomide no dia primeiro de janeiro de 1770, “na região de Mato Dentro”, provavelmente Piranga na Província de Minas Gerais, lugar acerca do qual vários autores indaga se seria Santa Bárbara, Itabira, Catas Altas, etc… Faleceu em 26 de fevereiro de 1835.
Estudou no Seminário Diocesano de Mariana e diplomou-se em medicina, em Coimbra, Portugal, e pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, dois berços da Medicina Legal européia.
Fixou-se, inicialmente, na sua terra natal, clinicando em Caeté e Itabira.
Tendo vivido na Europa, tornou-se um indivíduo de mente aberta e pensamentos avançados para época, no Brasil, o que lhe valeu uma devassa.
Em março de 1809, segundo Xavier da Veiga, foi alvo de dois curiosos avisos, vindos do Príncipe Regente D. João VI, determinando ao governador da Capitania, Pedro Xavier de Ataíde e Melo (Visconde de Condeixas) que chamasse à sua presença o Dr. Gomide, para repreensão, “por fazer uso de livros perniciosos”.
Publica em 1824, na Imprensa Régia no Rio de Janeiro, a monografia intitulada “Impugnação analítica ao exame feito pelos clínicos Antônio Pedro de Souza e Manoel Quintão da Silva, em uma rapariga que julgaram Santa, de nome irmã Germana, na Capela de N. Senhora da Piedade da Serra, próxima da Vila Nova da Rainha de Caeté, Comarca de Sabará, oferecida ao Dr. Manuel Vieira da Silva”.
Este trabalho foi considerado por muito tempo como o primeiro documento médico-legal brasileiro, o que está descartado atualmente. Contudo, é tido como primeiro documento de natureza psiquiátrica.
Saint-Hilaire fez referência a esse trabalho como sendo “cheio de ciência e de lógica”.
Além desse trabalho, publicou vários outros, como, por exemplo, as “Máximas Morais”, coletadas pela sua neta Emília Augusta Gomide Penido, que as editou sob o título “Ramalhete de Flôres”, em 1876, como homenagem póstuma. Publicou ainda “Memórias” no Rio de Janeiro, em 1814.
Foi deputado por Minas Gerais, à época da primeira Constituinte Brasileira de 1823, quando apresentou uma emenda criando três Universidades no Brasil, uma em Olinda, outra em São Paulo (ambas vetadas por D. Pedro I), e a terceira em Minas Gerais. Tem seu nome ligado à formação da Escola de Minas, em Ouro Preto.
O Jornal “O Compilador Mineiro” se mostrava defensor da criação de uma Universidade na Província, nos nºs 13 e 14, e encampava o Projeto Gomide, do Deputado, que previa a Universidade em Vila Nova da Rainha (atual Caeté).
Em 22 janeiro de 1826, passa a ser Senador do Império (vitalício) pela Província de Minas Gerais, da 1ª a 3ª legislatura até a morte, em 26 de fevereiro de 1835.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida