João Antônio de Avelar
É o patrono da Cadeira 91.
Nasceu João Antônio de Avellar, filho de João Antônio de Avellar e de Matilde Carolina de Avellar, no dia 08 de dezembro de 1858, em Sete Lagoas, na época Distrito de Santa Luzia, na Província de Minas Gerais – hoje cidade de Sete Lagoas, no Estado de Minas Gerais.
Fez o curso primário na escola isolada do Professor João Marciano em sua terra natal. O curso secundário foi realizado em Curvelo (cidade distante 90 km) no colégio fundado e dirigido pelo Professor Emilio Soares de Gouveia Horta. Segue para Ouro Preto, na época capital do Estado de Minas Gerais, onde faz os exames preparatórios para o ingresso em curso superior.
Transfere-se para o Rio de Janeiro e matricula-se na Faculdade de Medicina. Graduou-se médico em 1884, defendendo tese sobre “Diagnóstico e tratamento das paralisias de origem bulbar”.
Retornou a Sete Lagoas, instalou consultório e começou a clinicar sendo o primeiro e único médico da cidade por muitos anos.
Além da precariedade de recursos, o exercício da profissão exigia muito sacrifício, obrigando-o a viagens longas a cavalo.
Assinava e lia revistas médicas com a finalidade de manter-se atualizado, pois atendia a pacientes com as mais diversas doenças e executava várias intervenções cirúrgicas, exercendo a obstetrícia em partos normais ou em situações de risco.
Participou do IV Congresso Médico Latino-Americano no Rio de Janeiro em 1898 e do VII Congresso Brasileiro de Medicina Cirúrgica no mês de abril de 1912, em Belo Horizonte, oportunidade em que foi convidado a reger uma Cadeira na recém-inaugurada Faculdade de Medicina, o que não aceitou devido ao seu estado de saúde, em declpinio.
Empregou o hipnotismo no tratamento dos doentes mentais, o que era usual nos grandes centros naqueles tempos.
Para suavizar o isolamento cultural e a absorvente faina, quando possível, procurava dar vazão a sua veia literária escrevendo sob pseudônimos vários artigos, crônicas, versos, quadras satíricas, relatos humorísticos, episódios do dia-a-dia e contos “art-nouveaux” nos quais usava e abusava dos trocadilhos, assinando Bievrino, em homenagem ao Marquês de Bièvre, considerado o príncipe dos trocadilhistas.
Fez palestras literárias e escreveu um drama, “A filha ignorada” e quatro comédias, “O acabamento da capina”, “Por causa do nome”, “Homônimos” e “O Lobisomem”. Estas peças teatrais forma encenados no Teatro Redenção, de Sete Lagoas, no qual ele foi ator e o principal articulador.
No jornalismo, em 1894, fundou o primeiro semanário da cidade, do qual era Redator, dando-lhe sua vida colaboração.
Lançou outros semanários, o “Sete Lagoas”, do qual era Redator-Chefe. Mais tarde com Teófilo Otoni e Antônio Andrade, fundou “O Reflexo”, participando como Redator. Colaborou também no “O Protesto” e na “Reação”.
Como abolicionista, de certa feita a dois senhores e adquiriu a mãe escrava para não separá-la do filho. Noutra oportunidade, no dia do seu casamento, concedeu carta de alforria à escrava que servia a sua noiva, tornado-a empregada remunerada do casal.
Foi eleito deputado à Constituinte Republicana de 1891 e assinou a primeira Carta Magna da República. Foi eleito também senador estadual de Minas Gerais.
Após a proclamação da República, foi o primeiro presidente da Câmara e Agente Executivo de Sete Lagoas, sendo reeleito outras vezes.
Regulamentou a Instrução Pública Primária, a Escola Normal, a Biblioteca Pública, o Teatro, o Matadouro, promoveu o abastecimento de água da cidade e dotou-a de iluminação elétrica.
Foi Provedor do Hospital Nossa Senhora das Graças.
Alegre, descontraído, de inteligência excepcional, testava os conhecimentos dos filhos propondo charadas ou contava-lhes anedotas. Aos rebentos do sexo masculino ensinava-lhes o jogo de xadrez estimulando os menores.
No lar, pai afetuoso e de singulares virtudes; conforme depoimento do seu filho José Lucídio, o convívio com ele durante a doença era ao mesmo tempo agradável e desalentador, pois a cada dia se agravava a lesão cardíaca de que era portador.
Faleceu em 21 de agosto de 1914, com 55 anos após uma vida intensa e frutuosa no tempo que lhe foi dado viver.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida