Edison Reis Lopes
Ocupou a Cadeira 82, no período de 20/06/2001 até 26/05/2009.
Edison Reis Lopes nasceu em 25/12/1935, na Cidade de São Paulo (SP) e nela viveu até 1955. Neste ano ingressou na segunda turma da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro (FMTM), atualmente, parte da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em Uberaba, MG. Graduou-se em Medicina em 1960.
Filho e neto de imigrantes espanhois e italianos. Seu pai, imigrante espanhol, forneceu-lhe conhecimentos básicos de fotografia. Estes o ajudaram a se aproximar, pela primeira vez, do mestre Edmundo Chapadeiro, nas férias de julho de 1955, quando o iniciou na pesquisa médica, em parceria que se manteve pelo resto das suas vidas profissionais. Mesmo com os limitados recursos da época, como costumava dizer, “conseguia tirar leite de pedra”. Foi, também, o Prof. Chapadeiro quem o aproximou do outro grande amigo e mestre o Prof. Luigi Bogliolo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Ambos foram as pilastras que o apoiaram nas suas pesquisas sobre as alterações morfofuncionais causadas pela doença de Chagas no sistema nervoso autônomo.
Dedicou-se muito à sua família. Em 1962, casou-se com Maria Antonieta Borges Lopes, com quem teve 3 filhos. Com os seus filhos assim como com os seus alunos, era muito rigoroso, mas acessível e disposto a apoiar àqueles que se iniciavam nas profissões de docente e pesquisador.
Em 1962, ingressou no quadro de médicos-legistas do Estado de Minas Gerais. Neste cargo, bem aproveitou o material à sua disposição para estudar a doença de Chagas e a Morte Súbita. Publicou 118 trabalhos, a grande maioria sobre estes assuntos. Em 1987, coordenou a 4ª edição do livro Bogliolo Patologia. Foi colaborador de diversos livros, publicando 32 capítulos.
Na FMTM, desde 1962, professor de Patologia, Medicina Legal e Deontologia Médica. Em 1965, 5 anos após se graduar em Medicina, Doutor em Patologia, com a tese Contribuição ao Estudo dos Gânglios Cardíacos (Sistema Nervoso Autônomo) em Chagásicos Crônicos. Em 1969, Livre-Docente apresentando o trabalho Estudo Comparativo dos Gânglios Cardíacos nas Cardiopatias Chagásica Crônica, Reumática e Hipertensiva. Em 1981, Professor Titular.
Na década 1970, apoiou, com pesquisas das alterações morfológicas, o Dr. Humberto de Oliveira Ferreira, nos estudos pioneiros deste, sobre o tratamento medicamentoso da doença de Chagas.
Na década de 1970, como professor de patologia, ajudou a consolidar a Escola de Medicina e Cirurgia de Uberlândia, que se tornou parte da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais, onde colaborou na instalação e manutenção do Serviço de Patologia e Medicina Legal.
Em 1989, aposentou-se da FMTM. Mesmo assim, lá permaneceu como bolsista-pesquisador do CNPq e professor visitante até 1998, dos Cursos de Pós-Graduação em Patologia Humana e Medicina Tropical e Infectologia, este criado por iniciativa do Prof. Aluízio Rosa Prata.
Foi o criador, com Edmundo Chapadeiro, do Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Patologia Humana da FMTM, permanecendo como o seu Coordenador, de 1991 a 1998. Em 1992, o Curso recebeu conceito “A” da Comissão de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior (CAPES). Em 1994, iniciou o Doutorado do mesmo Curso. No mesmo ano foi coordenador da Área de Medicina II da CAPES.
Em 1995 e 1996, foi presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Recebeu diversas homenagens. Em 1972, Prêmio Marques Lisboa, da Associação Médica de Minas Gerais. Em 1977, Prêmio Gerhard Domack, da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, pelo qual foi agraciado com viagem à Alemanha. Em 1984, Medalha Carlos Chagas, do Governo do Estado de Minas Gerais. Em 2000, Diploma e Medalha do Centenário do Instituto Oswaldo Cruz. Em 2001, eleito membro da Academia Mineira de Medicina, onde ocupou a cadeira 82.
Como diretor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Uberaba (MG), 1998 a 2003, ajudou a montar o curso de graduação em Medicina, tendo recebido dos discentes a justa homenagem de ter o seu nome dado ao Diretório Acadêmico.
Para o nosso grande pesar, em 2005, a sua fértil trajetória de pesquisador, professor e administrador foi interrompida por doença neurológica degenerativa. O seu falecimento ocorreu em 10 de outubro de 2009, deixando enternecidos e saudosos todos aqueles que conviveram e muito aprenderam, com ele.
Fonte: Antonio Carlos Oliveira Meneses
Edmundo Chapadeiro e Aluízio Prata
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822010000600038