Cícero Ribeiro Ferreira Rodrigues
É o patrono da Cadeira 13.
Nasceu Cícero Ribeiro Rodrigues em nove de fevereiro de 1861, na cidade de Bom Sucesso, na época distrito de Oliveira, na Província de Minas Gerais. Seus pais eram Francisco Ferreira Rodrigues Junior e Messias de Castro Ferreira.
Fez o curso primário em Bom Sucesso e Oliveira e o secundário, em Ouro preto, onde foi aluno notável.
Matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1880 e diplomou-se em 1885, tendo como colegas de turma, entre outros, luminares como Chapot-Prevost, Azevedo Sodré e Miguel Couto.
Segundo Miguel Couto, o seu curso foi “uma sucessão de vitórias e de prêmios coroada por sua tese”: “Da influência que exercem as moléstias do coração sobre o fígado e reciprocamente as deste órgão sobre o centro circulatório.
Estabeleceu-se com clínica em São Sebastião da Estrela, distrito de Além Paraíba, e em Bom Despacho, ambas cidades de Minas Gerais.
Imaginando-se doente, resolve transferir residência para uma cidade de bom clima. Hesitando entre Poços de Caldas e a nova Capital de Minas Gerais, decidiu-se por esta última, aonde chega aos 33 anos de idade, no dia 17 de agosto de 1894, tornando-se assim o primeiro médico da terra. No dizer de Pedro Nava: “sempre o primeiro médico primus inter pares”.
Segundo seu filho, Ari Ferreira, consagrado especialista, que examinou suas radiografias, anos depois, concluiu-se que ele nunca tivera a doença que julgara tê-lo atingido.
Em 1895, na condição de funcionário da Comissão Construtora da nova Capital, residia na rua General Deodoro, via de importantes vizinhanças, e trabalhava como Encarregado de Seção de Fotografia e Meteoroligia, onde passou a estudar o clima da cidade.
Com o crescimento súbito da população, a cidade estava se tornando imunda, e o receio de epidemia impôs a presença de um médico, para cuidar da higiene. Foi nomeado em 1895 para a função requerida.
Fez observações pessoais sobre dados meteorológicos e moléstias predominantes, cuidados com os mananciais de água, de seus reservatórios e de sua conservação. Para atuar dentro da técnica exigível, sugeriu à comissão construtora a aquisição de dois livros: “traité d’ Hygiene e Medicine Publiques et privée” de Jules Rochard e a “Encyclopédie d’ Hygiene et Médice Publiques”.
Toma providências para escoamento das águas estagnadas, desinfecções domiciliares e contra cães vadios.
Começa a escrever artigos sobre higiene no jornal “A Capital”.
Suspende os enterros no adro da Boa Viagem e faz um cemitério provisório no local onde ficaria mais o Orfanato Santo Antônio. Inspeciona os sepultamentos, que ali eram feitos, entre 1894 e 1897 e planeja o Cemitério do Bonfin, para onde se transferem então os sepultamentos.
Organiza o matadouro, fiscaliza o gado que vai ser abatido, o transporte das carnes e o asseio nos açougues. Combate a fraude de alimentos e analisa o leite. Adquire veículos adequados ao transporte do lixo e instala a incineração do mesmo. Fiscaliza a limpeza das ruas e vacina a população, obrigatoriamente.
Cria um abrigo improvisado, no bairro Calafate, para portadores de doenças contagiosas, inaugurando assim a vida hospitalar da cidade.
Durante quase três anos foi o único médico de Belo Horizonte que, além das atividades citadas, tinha sobre os ombros todos os atendimentos clínicos, dos funcionários da Comissão, operários e respectivas famílias, a população de modo geral, fosse em cirurgias de acidentados ou de conflituosos indivíduos, ou, ainda, como parteiro.
Funda a Santa Casa de Misericórdia, em barracas, para evitar a ida de pacientes a Sabará e a dele próprio, evitando desperdício de tempo. Em 1900, inaugura sua primeira ala de tijolos e telha.
Foi um dos criadores do Museu e da Biblioteca da cidade, e estava em todo lugar onde precisavam do seu auxílio e da sua colaboração. Tem parte ativa na criação do serviço de bondes.
Sua abnegação, seu idealismo, sua fé não se arrefecem, pois ele cria a “Sociedade de Medicina e Cirurgia”, luta pela instalação de uma filial do Instituto Manguinhos, pela organização de um laboratório de Análises e de um Hospital de Isolamento, mais tarde denominado Hospital “Cicero Ferreira, em Santa Tereza.
Passa rapidamente pela política como Conselheiro e Prefeito.
É Diretor de Higiene Municipal de 1898 a 1906. Ingressa na Faculdade de Direito como Professor Substituto de Medicina Pública, ou Medicina Forense, ou Medicina Legal, e com seu prestígio edifica a Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, da qual foi seu primeiro Diretor e na qual foi Professor Catedrático de Medicina Legal. No “hall” de entrada da Faculdade de Medicina, em homenagem ao seu fundador, está uma herma em cuja base lê: “Foi bom, foi grande, foi justo, foi realizador. Não morrerá de todo”. Instala, na mesma, um Hospital de Emergência, durante a epidemia da gripe espanhola em 1918, e institui o Hospital S. Geraldo, a cuja inauguração não pode assistir, vindo a falecer 40 dias depois, em 14 de agosto de 1920.
É também o patrono da Academia Mineira de Medicina, cuja sede é denominada a “Casa de Cícero Ferreira”.