José Baeta Vianna
É o patrono da Cadeira 55.
Nasceu José Baeta Vianna no dia 30 de maio de 1894, em Bonfim, em Minas Gerais. Sua família muda-se para Belo Horizonte, recém-criada capital do Estado, o que lhe dá oportunidade de estudos mais avançados.
Ingressa na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte em fevereiro de 1914. Acadêmico, atuou como voluntário no combate à gripe espanhola, uma epidemia que assolava o país em 1918.
Ainda estudante de medicina, foi assistente do Professor Alfred Schaeffer. Este era seu professor de Química Analítica na Faculdade e fora obrigado a deixar a Cátedra em 01 de novembro de 1917 devido ao estado de guerra entre o Brasil e a Alemanha.
Diploma-se médico em 1919 e recebe o prêmio Oswaldo Cruz, destinado ao aluno que mais se destacava durante o curso. Por este motivo, foi convidado para ser Preparador da Cadeira de Química Médica, regida pelo Professor Francisco de Paula Magalhães Gomes.
Recebeu forte influência do Professor A. Schaeffer e estímulo do seu parente médico, Dr. João Vianna, que havia estudado na Alemanha, em 1914, antes do início da guerra, e que o advertiu da importância da química na medicina. Revelava que estas circunstâncias o levaram a aprender o idioma alemão.
Começa a trabalhar no Posto Experimental de Medicina Veterinária, em Belo Horizonte, enquanto prepara a tese “Contribuição à microquímica dos lipóides e o novo processo de microdosagem de colesterina”, para o concurso de Professor Substituto da Cadeira de Química Médica, em 1922. Paralelamente passa a chefiar o Serviço de Química Biológica do novel Instituto do Radium, primeiro hospital especializado no tratamento do câncer no Brasil.
Toma posse, em 1923, na Faculdade de Medicina como Professor Substituto de Química Médica.
Viaja para os Estados Unidos com uma Bolsa da Fundação Rockfeller; faz estágio na Harvard University e na Yale University.
Volta para Belo horizonte, e em 23 de abril de 1925 assume a regência da Cadeira de Químics Orgânica e Biológica. Em 1926, toma posse como Catedrático na referida Cadeira.
Torna-se então, o 1º Catedrático, de Química Fisiológica do país e o precursor da Bioquímica brasileira.
Em 1927, foi também o responsável pela Cadeira de Física, na condição de Professor Substituto.
Foi o paraninfo das turmas de formandos em medicina nos anos de 1931, 1937, 1938, 1939, 1942 e 1946.
Nomeado Reitor da Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro, em 1938, permanece alguns meses no cargo.
Convidado pelo Governador do Estado de Minas Gerais, Dr. Milton Campos, assume a Secretaria de Estado de Saúde e Assistência de 26 de junho de 1948 a 30 de janeiro de 1951.
Entre as suas criações destacam-se: Laboratório Central de Pesquisas Clínicas, o qual serviu de suporte as clínicas da Faculdade; a Assistência aos Universitários em 1932, transformada em Fundação Mendes Pimentel em 1936 da qual ele foi o primeiro Diretor até a sua morte; a Biblioteca da Faculdade em 1926, a qual hoje tem o seu nome; a Associação dos ex-alunos da Faculdade; e a Fundação Benjamim Guimarães para o atendimento a criança tuberculosa. Foi Diretor vitalício do Hospital da Baleia, destinado ao atendimento dos portadores de se qüelas da poliomelite.
O Departamento, sede da sua Cadeira de Química Fisiológica, foi credenciado pela CAPES como centro de excelência para estágio de Docentes de outras Universidades a partir da década de 50.
Criou diversas gerações de Bioquímicos ao longo de trinta e cinco anos de atividade.
Não chegou a publicar meia dúzia de trabalhos, porém todos tiveram grande repercussão nos meios médico-científicos do país.
O seu trabalho sobre “Bócio endêmico em Minas Gerais”, demonstrando a sua relação com a deficiência do iodo, na alimentação e o cortejo de deficiências conseqüentes nos pacientes, resultou na proposição de iodação do sal do consumo humano convertida em Lei no ano de 1956 e assinado pelo Presidente Juscelino Kubitschek, seu ex-aluno.
Sintetizou o iodeto de bismutila e criou o medicamento “Iodobisman”, largamente utilizado no tratamento de sífilis, antes da Penicilina.
Por influência sua, em 1954, a Fundação Rockefeller passou a auxiliar com recursos o Hospital das Clínicas e a Faculdade de Medicina, complementando o salário dos professores, o que se tornou fator decisivo no desenvolvimento da Bioquímica na Universidade Federal de Minas Gerais.
Exerceu a presidência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) de 1961 a 1963.
Sua metodologia de trabalho cativava seus discípulos. Integro, cobrava na mesma medida. Era obstinado nas suas realizações e tinha ampla visão dos problemas sociais do país, com algumas soluções. Era um cientista de vanguarda no seu tempo.
Tinha posições políticas definidas, mas nunca se candidatou. Dizia sempre: “Obedeço às leis da Física, da Química e da Biologia; não me afetam aquelas que revogam as disposições em contrário”.
Aposentou-se em 1964 e faleceu em 1º de outubro de 1967, em São Paulo, quando ali se encontrava integrando o Júri do Prêmio Moinho Santista.
Foi homenageado post-mortem no ano de 1981, tendo o seu nome sido dado à Sala do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais, na Faculdade de Medicina da UFMG.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida