Orestes Diniz
É o patrono da Cadeira 24.
Nasceu Orestes Diniz, filho de Domingos José Diniz e Silvia e de Francisca Augusta Ferreira Diniz, em Varginha, no Estado de Minas Gerais, no dia 26 de abril de 1902.
Seus estudos preparatórios, para o acesso ao curso superior, foram realizados no Externato do Ginásio Mineiro em Belo Horizonte, denominado mais tarde Colégio Estadual de Minas Gerais e, hoje, Escola Estadual Governador Milton Campos.
Diplomou-se médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, em 1929.
No 2º ano do curso médico, em 1925, trabalhou como auxiliar acadêmico, no serviço de Lepra.
Em 1930, foi nomeado médico do Serviço de Profilaxia da Lepra, cargo que ocupou até ser designado, em 1932, Diretor da Colônia Santa Isabel, função na qual permaneceu até 1938. Nesse mesmo ano, foi nomeado para exercer a Direção do Serviço de Profilaxia da Lepra do Estado de Minas Gerais. Alcançou a direção da Divisão do mesmo órgão e, finalmente comandou o Departamento Estadual de Saúde.
Atuou como membro do Conselho Consultivo do Departamento Estadual de Saúde, da Junta Médica do Hospital Militar, do Conselho Técnico da Federação das Sociedades de Assistências aos Lázaros e como perito da Sociedade Internacional de Leprologia, com sede em Londres.
Representou a classe de sua especialidade e o Estado de Minas Gerais em vários Congressos de Saúde Pública, Leprologia e Dermatologia.
Foi um dos destaques na 2ª Conferência Pan-americana de Leprologia, realizada no Rio de Janeiro, em 1946.
No magistério, foi Assistente da Cadeira de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais e da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte.
No Departamento Nacional de Saúde exerceu a função de professor, nos cursos ali ministrados.
O presidente Juscelino Kubitschek, mui sabiamente, entregou a Orestes Diniz a Direção do Serviço Nacional da Lepra.
Publicou mais de uma centena de trabalhos, sobre a Saúde Pública, Dermatologia e Leprologia que era a sua superespecialidade. Foram trabalhos que tiveram grande repercussão nos meios científicos, nacionais e internacionais.
Delineou e estabeleceu a divisão do Estado de Minas Gerais em quatro zonas epidemiológicas, para dar combate mais eficiente à lepra. Criou um dispensário fixo e quatro colônias: uma em Três Corações, outra em Bambuí, Ubá e a de Santa Isabel, localizada em Betim.
Lançou as bases da Sociedade Mineira de Leprologia, fundada em 1941, e a publicação dos Arquivos Mineiros de Leprologia.
Em 1951, inaugurou o prédio destinado à Divisão da Lepra, resultado de sua luta ingente no vasto programa que dirigia para a erradicação da Lepra, em Minas Gerais.
Conseguiu junto ao Secretário de Estado da Saúde e Assistência, Professor J. Baeta Vianna, construir e inaugurar uma indústria farmacêutica, para produzir novos medicamentos, à base de Sulfona, destinados ao tratamento da Lepra.
Como resultado dessa iniciativa, o leprocômio deixou de ser um cárcere onde o leproso cumpria a pena de uma prisão perpétua, para se tornar uma estação de tratamento, em que a esperança de cura passou a se confirmar com as freqüentes altas dia a dia.
Este foi o início do resgate da dignidade do hanseniano.
Com suas idéias e suas conquistas, Orestes Diniz, restaurando a dignidade do paciente, fê-lo sentir-se novamente um ser humano.
Acerca dele, assim se manifestou um colega: “Combateu tabus, esclareceu dúvidas, fixou conceitos e estabeleceu doutrinas”.
Administrou e fez ciência; consagrou-se como figura exponencial da ciência médica sanitária de Minas Gerais e apóstolo na luta contra a lepra. Orestes Diniz faleceu no dia 16 de fevereiro de 1966.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida