Belisário Augusto de Oliveira Penna
É o patrono da Cadeira 81.
Nasceu Belisário Augusto de Oliveira Penna no dia 29 de novembro de 1868, na cidade de Barbacena, Província de Minas Gerais, filho do Visconde de Carandaí, que tinha o mesmo nome do filho, e de Lina Leopoldina Lage Duque.
Seus primeiros estudos foram realizados em sua cidade natal, no colégio Abílio Cesar Borges, o Barão de Macaúbas.
Matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1886 e transferiu-se para Salvador, na Bahia, no último ano do curso médico, vindo a colar grau na Faculdade de Medicina da cidade da Bahia em 1890.
Ficou a exercer a medicina em Barbacena como médico da Colônia Rodrigo Silva, depois em Lima Duarte e, finalmente, em Juiz de Fora, onde fixou residência em 1895, cidade na qual foi vereador até 1903. Assumiu o cargo de médico da Hospedaria de Imigrantes, porém demitiu-se por não ter atendidas suas reivindicações de melhorias do local de trabalho.
Viajou para Salvador e casou-se com a irmã de sua falecida primeira esposa. Retorna para Barbacena e investe na aera comercial, mas não tem sucesso.
Volta à medicina (nessa época Oswaldo Cruz fora nomeado para dirigir a Diretoria Geral de Saúde Pública), e submete-se ao concurso para as campanhas sanitárias, conquistando o segundo lugar. Foi nomeado Inspetor Sanitário em maio de 1904.
Uma epidemia de varíola assolou a região sob sua responsabilidade, com forte rejeição dos moradores a submeter-se à vacinação e aos cuidados higiênicos preconizados. Superou as dificuldades com o seu poder de convencimento e trato educado.
Em abril de 1905, por ato de Oswaldo Cruz, foi transferido para o Serviço de Profilaxia da febre Amarela. Estudou o desenvolvimento do mosquito transmissor e propôs modificações no intervalo das visitas para destruição dos focos. Esta atuação destacada mereceu os parabéns de Oswaldo Cruz e maior aproximação entre os dois.
Foi enviado para combater o impaludismo, em 1906, no norte de Minas Gerais, onde estva em construção uma ferrovia, e lá permanece por três anos – participa da descoberta de Carlos Chagas e de próprio punho descreve os fatos como testemunha.
No ano de 1910 acompanhou Oswaldo Cruz a Porto Velho, para dar consultoria sobre a profilaxia da malária que dizimava em quantidade operários da ferrovia Madeira – Mármore, que então estava em construção.
Designado, em 1912, por Oswaldo Cruz, percorreu com Arthur Neiva, por sete meses, o norte da Bahia e regiões vizinhas, nos Estados do Piauí, Goiás e Pernambuco registrando tudo o que viam. De forma dramática relatam: “Nós, se fôramos poetas, escreveríamos um poema trágico, com a descrição das misérias, das desgraças dos nossos infelizes habitantes sertanejos, nossos patrícios. Os nossos filhos que aprendem nas escolas que a vida simples de nossos sertões é cheia de poesia e de encantos, pela saúde de seus habitantes, pela fartura do solo, e generosidade da natureza, ficariam sabendo que nessas regiões se desdobra mais um quadro infernal, que só poderia ser magistralmente descrito pelo Dante imortal”.
Em 1913, solicitou licença de seis meses e por conta própria percorreu os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para estudá-los.
Reassumiu o Cargo de Inspetor Sanitário e instalou o primeiro Posto de Profilaxia Rural no Distrito Federal, em 1916. Iniciou uma campanha de Saneamento do Brasil escrevendo no jornal “Correio da Manhã”. Passa a fazer palestras sobre saneamento em Exposições Associações como Sociedade Nacional de Agricultura e funda a Liga Pró-Saneamento do Brasil.
Publica o livro Saneamento do Brasil, no qual escreve: “Sanear o Brasil é povoá-lo, enriquecê-lo, é moralizá-lo”, e acrescenta: “O Brasil é um país doente no sentindo literal da expressão. A nossa miséria financeira e econômica é o reflexo da desnutrição orgânica que converte a maioria dos nossos concidadãos em inúteis unidades sociais, incapazes de concorrer com a quota do seu esforço para o aumento da riqueza comum”.
Em maio de 1918, o Presidente Wenceslau Brás criou o Serviço de Profilaxia Rural e nomeou para dirigi-lo. Prossegue no seu trabalho educativo com conferências em São Paulo, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Barbacena, Paraíba do Sul, etc.
Em 1922, exonera-se do cargo de Diretor do Departamento Nacional de Saúde Pública por não concordar com interferências políticas no Departamento.
Apóia a revolta tenentista, no ano de 1924, em São Paulo, e é preso e enviado à capital paulista e, em seguida, transferido para o Rio de Janeiro, onde ficou detido por seis meses. Foi suspenso de suas funções, mas a elas reintegrado em 1927.
Continua a realizar conferências e a escrever sobre higiene e educação, para vários jornais. Participa do movimento eugênico que propunha o melhoramento da nossa raça por meio da higiene física e moral da população.
Percorre em 1927 e 1928, os Estados de Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, como Inspetor de Propaganda e Educação Sanitária.
Foi requisitado por Getúlio Vargas, Presidente do Estado do Rio de Grande do Sul para organizar o serviço de Higiene e termina por aderir a revolução de 1930, chefiada por Getúlio.
Em 16 de setembro de 1931, assumiu interinamente o Ministério da Educação e Saúde Pública, deixando-o em 01 de dezembro do mesmo ano. Em 1932 torna a ocupar interinamente o mesmo cargo.
Aposentando-se em 1933, filia-se ao movimento político Ação Integralista Brasileira. Em 1938 os Integralistas são reprimidos e a organização é desmantelada. Abandonou a vida agitada que levava indo viver na fazenda que comprara quando de sua aposentadoria.
Faleceu em 04 de novembro de 1939.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida