RAMOS E FOLHAS SECAS SÃO RECORDAÇÕES

    Por EVALDO D’ASSUMPÇÃO

    “Les feuilles mortes se ramassent à la pelle, les souvenirs et les regrets aussi” (As folhas mortas são coletadas com a pá, lembranças e arrependimentos também).

    Essa é uma das mais belas frases da canção “Les feuilles mortes”, interpretada por Yves Montand no início dos anos 60. E que permanece viva na memória de quem desfrutou daqueles tempos românticos.

    Hoje, tantos anos passados, e caminhando pelos arredores da Praia dos Castelhanos onde desfruto minha aposentadoria, vejo muitas folhas secas espalhadas pelo chão, outras sendo levadas pelo vento, assim como folhas envelhecidas que ainda se agarram aos ramos, alguns também já secos, protelando o inexorável momento de deixar as mais novas, verdes e viçosas, para iniciarem novos tempos.

    Todavia, as que caem e rolam pelo chão, mesmo mortas renovam a vida, adubando e conservando a umidade do solo, onde novas vegetações irão ocupar o espaço deixado pelas que se foram.

    Contemplando essa bela e divina dinâmica da natureza, lembro-me de que assim é também a nossa vida: nascemos, crescemos, damos frutos, geramos novas vidas, até chegar a hora de cedermos nossos lugares para a juventude, que desponta cheia de graça e vigor.

    Como será bom sabermos que temos ótimas lembranças, e mesmo também alguns arrependimentos desse tempo que vivemos. Que aquelas sejam muitas, e esses, quase nenhum. Mas, como as folhas mortas, deixemo-nos levar pelo vento da existência, pois nossa imortalidade não é aqui, onde a IMPERMANÊNCIA permeia a tudo e a todos.

    Que de nós fiquem somente boas recordações e bons exemplos para as gerações futuras. E que um dia possamos ir e ajudar a florescer, ainda mais, o Jardim do Éden que o Criador guardou para nós, onde Ele nos espera de braços abertos para o definitivo aconchego do seu amor e misericórdia.