Em julho de 1918, o professor Eduardo Borges Ribeiro da Costa e os acadêmicos Renato Machado e Luiz Adelmo Lodi partiram para a França, como representantes da Faculdade junto à Missão Médica Brasileira na Primeira Guerra Mundial, com fins de prestarem serviços profissionais aos aliados. Ainda naquele ano, durante a epidemia de gripe espanhola que acometeu a capital mineira, a Escola prestou assistência a 420 doentes. No mesmo ano também se formaram os primeiros 33 médicos e três farmacêuticas. Quanto ao curso de odontologia, só se teve notícia de um formando no ano de 1916, o cirurgião-dentista João Segismundo de Souza e Silva.
Desde o ano de 1914, quando a Faculdade entrou em acordo com a Santa Casa da Misericórdia de Belo Horizonte, diversas clínicas passaram a funcionar em seus aposentos, estendendo-se essa utilização até a década de 1950. Em 1920, o Instituto de Assistência e Proteção à Infância de Belo Horizonte, da Sociedade São Vicente de Paulo, estabeleceu um acordo com a Faculdade de Medicina, recebendo desta uma verba para a conclusão do Hospital São Vicente de Paulo. Em troca, foram colocados à disposição da Escola duas enfermarias, dois consultórios, salas de cirurgia, sala de curativos e dois gabinetes para os chefes das cadeiras de clínica pediátrica médica e higiene infantil, e clínica pediátrica cirúrgica e ortopédica, respectivamente. Na época, aquelas cadeiras eram lecionadas pelos professores Cândido Firmino de Mello Leitão e David Corrêa Rabello. Ainda em 1920, no dia 4 de julho, foi inaugurado o Hospital São Geraldo, para sede das clínicas oftalmológica e otorrinolaringológica, cujos responsáveis eram os professores Lineu Silva e Renato Machado.
Em 1922, foi fundado o Instituto do Radium, idealizado pelo professor Eduardo Borges Ribeiro da Costa, que foi o primeiro hospital oncológico do país. Em 1926, foi visitado por Marie Sklodowska Curie (1867-1934). No ano seguinte, o presidente da República convidou o professor Eduardo Borges Ribeiro da Costa para fazer parte da comissão representativa do Brasil na Conferência Internacional de Higiene, realizada em Estrasburgo (França), onde foram exibidos o projeto e a maquete do Instituto do Radium. Naquele mesmo ano, foi fundado o Instituto de Neuropsiquiatria de Belo Horizonte, pelo primeiro catedrático de psiquiatria da Faculdade de Medicina, professor Álvaro Ribeiro de Barros. Em 1924, em homenagem ao Presidente do Estado, falecido naquele ano, sua denominação foi mudada para Instituto Raul Soares. Embora não pertencesse à Faculdade, a maioria de seus dirigentes e corpo clínico eram docentes da instituição.
Em 1924, o professor Octaviano Ribeiro de Almeida apresentou à Associação Médico-Cirúrgica de Minas Gerais uma proposta de oficialização da Faculdade, como forma de obter mais recursos para reformar seus laboratórios, refazer suas clínicas e suprir a falta da publicação de trabalhos científicos desenvolvidos pela instituição, entre outras carências. As rendas obtidas através de taxas escolares e subvenções dos governos federal e estadual, eram apontadas como insuficientes. Octaviano alegava que o fato de o Governo Federal ter solicitado à instituição, no ano anterior, sua participação no plano de reforma de ensino, justificava a oficialização. A Associação, acatando a proposta do professor, nomeou uma comissão para trabalhar a favor da oficialização, junto aos poderes competentes. Esta comissão era constituída por Miguel de Oliveira Couto (paraninfo da Faculdade), Carlos Ribeiro Justiniano Chagas (membro honorário da Associação), Samuel Libânio (Diretor de Higiene do Estado), Leontino Cunha e Carlos Pinheiro Chagas (lentes da Faculdade) e Cassemiro Laborne Tavares (1º Secretário da Associação Médico-Cirúrgica). Na abertura do ano letivo de 1927, já tendo sido instituída a reforma de ensino Rocha Vaz, pelo decreto nº 16.782-A de 13/01/1925, o professor João de Mello Teixeira voltou a fazer referência à falta de recursos da Faculdade:
“Coisa inexistente, quase tem sido para as preocupações governamentais, o ensino superior em Minas. O que há, surgiu da iniciativa particular e se vem mantendo a custo de sacrifícios inapreciáveis dos seus fundadores, tão parcos, tão incertos têm sido os auxílios oficiais (…) Minas precisa cuidar de frente do ensino superior. A Universidade mineira não é idéia de hoje. Há já um século que foi proposto criar-se a primeira universidade brasileira. Porque não realizar esse propósito secular, revivido em autorização parlamentar na benemérita administração estadual passada” (PIRES, 1927, p.213-217)
Nesse período, desde sua criação até o ano de 1927, do total de 3.061 alunos matriculados na instituição, foram diplomados apenas 170 médicos e 93 farmacêuticos. Em 7 de setembro de 1927, em virtude da lei nº 956, sancionada pelo Presidente do Estado, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, foi criada a Universidade de Minas Gerais, que ficou constituída pelos quatro institutos de ensino superior: Faculdade de Medicina, Escola de Odontologia e Farmácia, Escola de Engenharia e Faculdade de Direito, todos com sede em Belo Horizonte, gozando de autonomia didática e administrativa. A sua manutenção passaria a contar com o auxílio do governo estadual (arts.1º e 2º).
Em 1928, a Santa Casa da Misericórdia de Belo Horizonte aprovou a criação de uma enfermaria para crianças, instalada em 1936, sob a chefia do professor Navantino Alves e freqüentada pelos clínicos com maior interesse na pediatria, formando os primeiros pediatras de Belo Horizonte.