A Academia
FUNDAÇÃO E REALIZAÇÕES
Em 16 de novembro de 1970, médicos mineiros, atendendo à convocação do então Presidente da Associação Médica de Minas Gerais, Dr. Francisco José Neves e de seu Presidente do Conselho Superior, Dr. Itamar de Faria, reuniram-se na sede daquela entidade, visando à estruturação de um órgão, que se tornaria o cume da medicina mineira – a Academia Mineira de Medicina.
Foi, então, decidido: “a) o quadro titular seria composto de 100 Acadêmicos; b) cada Cadeira teria seu Patrono, a ser escolhido, em caráter permanente e definitivo, pelo respectivo ocupante da mesma; c) a idade mínima para admissão seria 50 anos; d) a Comissão Organizadora faria a eleição dos primeiros 67 Titulares; e) os demais seriam indicados pela primeira Diretoria a ser empossada”.
A Comissão Organizadora convocou a primeira Assembléia Geral, em 16 de novembro de 1970, à qual compareceram 47 Acadêmicos, que foram considerados fundadores, juntamente com os demais convidados, que não comparecera por motivos justificados.
Seis dias após, houve a inauguração da Academia Mineira de Medicina.
O limite de idade dos Acadêmicos lembra a afirmativa de Osler, um dos maiores médicos de todos os tempos: “o homem é moralmente são aos trinta anos, mentalmente rico aos quarenta, e sábio aos cinqüenta – ou nunca”.
Os Patronos das cadeiras foram escolhidos entre vultos de destaque da medicina brasileira, já falecidos, à época.
A primeira Diretoria eleita teve na Sua Presidência o Professor Oswaldo de Mello Campos, realizando-se sua primeira sessão ordinária oficial e, 03 de fevereiro de 1971.
Em 26 do mesmo mês, houve aprovação do Estatuto e, e, 12-07-71, do Regimento Interno, da novel instituição.
A insígnia da Academia mostra, no interior de um triângulo eqüilátero, a figura de Hipócrates, considerado o Pai da Medicina.
Ladeando essa figura, em três faces, inscrições de duas palavras cada, em latim.
Na primeira face, o ensinamento: “Morbus arcere” – “afastar ou evitar doença”.
Na segunda: ” Aegrotus sanare” – ” curar o doente”.
Na terceira, base do triângulo: “Dolores lenire”- “aliviar a dor”.
Tais inscrições refletem condições básicas para o bom exercício da medicina.
Desde a sua inauguração, a Academia Mineira de Medicina prossegue em seus trabalhos de forma ininterrupta e num crescente, a cada ano, em sua sede, no prédio da Associação médica de Minas Gerais.
DOS ACADÊMICOS E DAS LÁUREAS
São participantes da Academia Mineira de Medicina os Acadêmicos Titulares, Eméritos, Honorários e Correspondentes.
Os Titulares são admitidos, após requerimento de próprio punho e proposição de, pelo menos, cinco, Membros Titulares ou Eméritos, com idade igual ou superior a 50 anos, e após avaliação de “curriculum vitae” e de monografia inédita e original, ambos submetidos a uma comissão de três Acadêmicos, designada pelo Presidente da Academia, e apresentação oral, em sessão científica, de sua monografia, com debates sobre a mesma, através dos presentes à reunião, convocada para essa finalidade. A posse é em Sessão Solene, os Acadêmicos presentes, com a insígnia e em traje de toga especial, ocasião em que, além do Presidente da Academia, falam o Paraninfo, escolhido pelo empossando, e o empossado. O Titular deve residir em Minas Gerais. Ele poderá se transferido para Emérito, através de solicitação do interessado, desde que tenha atingido a idade de 75 anos.
Os Acadêmicos Honorários – a mais alta distinção da Academia – são médicos do maior gabarito nacional e internacional, eleitos e empossados em Sessão Solene.
Os Acadêmicos Correspondentes, em número de até quarenta, são confrades residentes em outros Estados ou Países.
Várias láureas são distribuídas anualmente, por ocasião do aniversário do sodalício, no mês de novembro. Entre elas:
Palma Acadêmica – conferida a, no máximo três Membros Titulares ou Eméritos, que se tenham distinguido em atividades científicas, de ensino médico ou de mérito social;
Diplomata de Mérito Médico – conferido a três colegas da Capital e três do interior do Estado, que tenham completado, no mínimo, 25 anos de exercício profissional, com ética, dignidade e proficiência, e não pertençam à Academia ou a órgãos de ensino médico ou que desempenham cargos de destaque;
Diploma Mérito Médico “In Memorian” – conferido a três colegas da Capital e três do interior, já falecidos e que, na vida profissional, se tenham sobressaído no exercício da profissão, com ética, dignidade e proficiência;
Diploma de Honra ao Mérito – conferido a quem, não sendo médico, haja colaborado em prol da Academia.
O Conselho Superior, por proposta da Diretoria, poderá conceder títulos de Benemérito, Feitor e Grande Benfeitor a pessoas físicas ou jurídicas, que concorrerem com doações ou atos, para o engrandecimento e renome da Academia.
SER ACADÊMICO DE MEDICINA EM MINAS GERAIS
O saudoso Acadêmico Hilton Rocha, em um de seus magníficos discursos em nossa Academia, na sua condição de Orador da mesma, definiu, com muita precisão, o Acadêmico de Medicina, em palavras que têm constado nos frontispícios dos diferentes Anais da mesma: “Ser Acadêmico não é ser escritor, nem poeta. Mas é ser médico. Integrado na profissão havido vivido os seus dramas, as suas incertezas, suas habilidades, suas batalhas a sua grandeza e as suas emoções.
É haver se integrado uma vida inteira com aqueles que sofrem, que pedem a nossa caridade, as nossas luzes e o nosso apoio, porque crêem em nós.
É receber uma consagração, porque são os nossos pares que vêm nos dizer que, ao encanecermos, jamais fugimos à linha hipocrática, consolando espíritos, mitigando dores e desfazendo enfermidades.
Ser Acadêmico é ter a consciência tranqüila no cumprimento de nossos deveres e de nossa missão. É não haver regateando esforços em benefício dos que sofrem. É haver alegremente oferecido nosso repouso e o nosso lazer de vigília, de estudo e de preocupação, ante os males que amofina, e o Morbus que atormenta.
É lutar contra a endemia que solapa e inferioriza, na ânsia comum de recuperar o homem brasileiro, de cuja redenção cultural e física depende realmente a redenção da Pátria. É participar, ontem e hoje das lutas e dos propósitos da classe a que pertencemos, a que nos honramos de pertencer, e da qual jamais desertamos para, como soldados comuns, capitaneando pelos líderes que despontam à custa de seus próprios méritos e ao peso de seus próprios sacrifícios, mantermos acesa e bem viva a tocha sacrossanta de nossos ideais. No pronunciamento, complementa: “É – inclusive por quê? – esmerarmos o nosso cabedal literário, vernáculo e cultural”.
Na mesma ordem de conceitos, vários Acadêmicos se têm pronunciado. Entre eles:
Do Acadêmico Francisco Alves dos Reis: “As Academias de Medicina devem ter os pés plantados no passado e as vistas voltadas para o presente e o futuro, pois “é caminhando para o futuro, que somos fiéis ao passado”, segundo Milton Campos.
Do Acadêmico Dario de Faria Tavares: “A Academia é um órgão de cultura. Seus membros efetivos se submetem à prova do conhecimento, experiência e de comportamento. Ela não é um arquivo morto. Ela não é um museu de cera. Seu objetivo essencial de preocupação é o homem. Para bem servi-lo, precisa conhecê-lo e conhecer o ambiente no qual vive. Por isso, ela não ignora os valores do presente e não despreza as forças indutoras do futuro”.
ATIVIDADES DA ACADEMIA MINEIRA DE MEDICINA
A Academia Mineira de Medicina foi reconhecida como de Utilidade Pública em 1973: Federal, pelo Decreto 88.103, de 10 de fevereiro; Estadual, pela lei 6.128, de 04 de julho; e Municipal, pela lei 2.235, de 25 de outubro.
Seu estatuto provém como suas finalidades:
– Contribuir para o desenvolvimento e o progresso da profissão e ensino médico;
– Apresentar sugestões, solicitar providências e colaborar com as autoridades oficiais competentes, em benefício da Cultura, da Saúde e do Ensino Médico;
– Responder consultas das autoridades constituídas;
– Homenagear, em Sessão Solene, vultos ou fatos que se destacaram na história da medicina mineira. “Esses itens têm sido cumpridos, ao longo da vida da entidade, com rigor, responsabilidade e competência”.
Texto: Francisco Alves dos Reis