Caracterização da atividade conversora da angiotensina no líquido pericárdio humano – Waldemar Hial – 2007

    Data de publicação: 27/02/2007

    CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE CONVERSORA DE ANGIOTENSINA NO LÍQUIDO PERICÁRDICO HUMANO

    VALDEMAR HIAL

    OBJETIVOS
    O estudo de parâmetros bioquímicos no fluido pericárdico tem se constituído num importante auxílio na etiologia e no diagnóstico de pericardites e mesmo de algumas doenças sistêmicas. Várias substâncias bioativas, tem sido detectadas neste fluido. Nosso estudo descreve a caracterização de uma enzima de conversão de angiotensina (ECA) presente no líquido pericárdico humano. A enzima foi purificada de líquidos pericárdicos obtidos à necropsia de indivíduos sem doenças cardíacas.
    MÉTODOS
    A enzima foi purificada através de quatro etapas cromatográficas (filtração molecular, troca iônica, afinidade e recromatografia de troca iônica) e a massa molecular foi determinada por SDS-PAGE. As propriedades hidrolíticas foram determinadas utilizando substratos naturais (angiotensina I e bradicinina) e os substratos sintéticos Hipuril-Histidil-Leucina (Hip-His-Leu), e os peptídeos fluorogênicos contendo seqüências suscetíveis à hidrólise pela ECA, com a seqüência geral Abz-peptidil-(Dnp)P-OH (Abz = Ácido o-aminobenzóico; Dnp =2,4 dinitrofenil). A conversão de Angiotensina I em Angiotensina II e a hidrólise de Bradicinina, pela enzima purificada, foram comprovadas através de ensaios biológicos. Ensaios de inibição foram realizados com a utilização de captopril e lisinopril. Todos os procedimentos foram analisados e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (CEP-UFTM).

    RESULTADOS
    A enzima purificada mostrou uma massa molecular aparente de 140 kDa determinada por SDS-PAGE. Esta enzima hidrolisou o substrato Angiotensina I produzindo o octapeptídeo vasopressor Angiotensina II e inativou a Bradicinina por uma remoção seqüencial de dois dipeptídeos C-terminais. Além disso, a enzima hidrolisou o clássico substrato da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA) Hipuril-Histidil-Leucina (Hip-His-Leu), e os peptídeos fluorogênicos Abz-Tyr-Arg-Lys- (Dnp)P-OH, Abz-Leu-Phe-Lys-(Dnp)-OH (específico para o domínio C) e Abz-Ser-Asp-Lys –(DNP)-OH (específico para o domínio N). A relação kcat/Km para os substratos Hip-His-Leu, Abz-Tyr-Arg-Lys- (Dnp)P-OH, Abz-Leu-Phe-Lys-(Dnp)-OH e Abz-Ser-Asp-Lys(DNP)-OH foram respectivamente: 0,7 . 10-3 M-1.s-1; 765 . 10-3M-1.s-1 ; 359 .10-3M-1.s-1 e 188 . 10-3 M-1.s-1.
    CONCLUSÃO
    A ativação da enzima pelo cloreto e sua inibição pelos inibidores específicos captopril e lisinopril mostram a similaridade desta enzima com a clássica ECA (Enzima Conversora de Angiotensina). A origem desta enzima não foi ainda elucidada, mas a sua localização no líquido pericárdico, assim como a sua presença no epitélio da membrana parietal do pericárdio, demonstrada por imunohistoquímica em nosso laboratório, sugerem um sistema Renina-Angiotensina parácrino. . Dessa forma, não podemos ignorar o papel da membrana e do próprio líquido pericárdico no processo de liberação de angiuotensina II.

    Palavras-chave: líquido pericárdico, Enzima Conversora de Angiotensina (ECA), cininase, captopril, lisinopril

    Suporte financeiro: Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq, Processo 471134/2003-1).