SESSÕES SOLENES
CINQÜENTENÁRIO DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE MG
Discurso Presidente Acadêmico Paulo Adelmo Lodi
Discurso proferido pelo Presidente da Academia Mineira de Medicina Paulo Adelmo Lodi em 19/10/1996, ao ensejo do Cinquentenário da Associação Médica de Minas Gerais.
PREITO A ENTIDADES IRMÃS
É um elevado privilégio subir a tribuna deste augusto e venerável templo de ciência e cultura médicas. A distinção avulta-se pelo fato desta prestigiosa entidade estar comemorando, com belas cerimônias, o seu Jubileu de Ouro, com acervo de muitas realizações científicas e valiosas batalhas no campo da defesa de classe.
Em 1946, o nosso País já estava livre da angústia da II Guerra Mundial, que assolou muitas nações. O guante que golpeara a liberdade, quando as forças do nazismo atroaram suas armas, dominando as nações livres, já fora extinto.
No Brasil, a democracia ferida pela primeira vez, com a implantação do regime ditatorial de 1937, já estava restaurada. Respirava-se liberdade de pensamento e de expressão, apanágio de nossas consciências, ideais legítimos dos homens civilizados.
A nossa Capital, bucólica, pitoresca e tranquila, era chamada Cidade-Vergel pelos poetas. Rica de belos e imponentes ficus em suas avenidas, opulenta em floridas roseiras, hortênsias e margaridas em suas praças e viçosa de magnólias, em alguns bairros, que exalavam doces perfumes.
A então Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Ferais já granjeara proeminência nacional pelo aprendizado que proporcionava aos seus alunos. A Escola era desprovida, materialmente, mas fecunda e dotada de muito vigor na órbita moral e intelectual. Assim, a medicina mineira atingira foros de real grandeza cultural.
Os médicos, entretanto, viviam isolados, com encontros fortuitos apenas nos hospitais e nas reuniões sociais. Urgia congregá-los. Era necessária a união para que a classe se fortalecesse em suas diversas áreas – científica, ética, humanística e econômica. Assim, em 1946, o saudoso Prof. Otto Cirne, encabeçando um pugilo de médicos, reuniu as poucas sociedades científicas especializadas, então existentes em Belo Horizonte. Em 1948, sob a presidência do inesquecível mestre Marques Lisboa, a Associação Médica estruturou-se, no âmbito estadual, e, também, com o objetivo de proteção da categoria médica. O meio século de vida da nossa atuante célula-mater está muito bem narrado no livro do Acadêmico José de Laurentys Medeiros, lançado há poucos dias.
Em 1970, foi fundada a Academia Mineira de Medicina, sob a bela inspiração de Francisco Neves e do saudoso Itamar de Faria, respectivamente, Presidente da Associação Médica e do seu Conselho Científico. O nosso cenáculo, em permanente e dinâmica atividade, comemorou seu Jubileu de Prata no ano passado, e é no momento o mais elevado fôro da ciência médica em nosso Estado, e igualmente um dos básicos mananciais do pensamento, ética e saber médicos nacionais. O prestígio do querido silogeu deve-se à competência e operosidade dos ex-presidentes, o saudoso Mestre e Acadêmico Oswaldo Mello Campos, Acadêmicos Antônio Octaviano de Almeida, Francisco Alves dos Reis, José de Laurentys Medeiros, Carlos Alberto de Paula e Salles, e dos seus companheiros de diretoria. Ajusta-se bem aqui um pensamento de Goethe – “Não basta saber, é preciso aplicar. Não basta querer, é preciso fazer”.
O Instituto Mineiro de História da Medicina foi fundado em 1984, também no seio desta Casa, idealizado pelo Acadêmico Antônio Octaviano de Almeida com a ajuda de ilustres médicos, conscientes que a – “História é a Mestra da Vida”, segundo Cícero, antes da era cristã. Foram seus fundadores – Hilton Rocha, Pedro Salles, Sylvio Miraglia, Antônio Octaviano de Almeida, Arnaldo Madruga, Jesus Santos, Therezino Caldeira Brant, Cláudio Azevedo Salles, Ênio Pinto Corrêa, Mário Mendes Campos, Orlando Lobato, Eduardo Levindo Coelho, Olivar Dias da Silva, Márcio Ibrahim de Carvalho, Kant José de Oliveira, Ronaldo Silmões Coelho, Paulo Adelmo Lodi, João Valle Maurício e Waldemar Gomes Batista. O Instituto tem seguido uma trajetória brilhante, no sentido de preservar e cultuar fatos preciosos de valor para a História da Medicina. Seus principais dirigentes, hoje, são os Drs. Antônio Octaviano de Almeida e Eduardo Biagioni Filho.
O Dr. Lincoln Freire, digníssimo Presidente da Associação Médica, dotado de elevado espírito associativo e grandeza de alma, galardoa agora, a Academia e o Instituto Histórico. Externamos a ele aos dignos companheiros de diretoria, o testemunho do nosso profundo reconhecimento por esta demonstração de alto apreço.
E para finalizar – Medicina é nobre profissão, e deve ser praticada com espontânea vocação. Um bem sublime, acreditamos nós, é alcançado por aqueles que almejam desvendar os arcanos da ciência médica, colimando a senda do bem estar físico, psíquico e social, e estruturado pela viga mestra – a ética.