José Lourenço Vianna Filho
É o patrono da Cadeira 94.
José Lourenço Vianna Filho, cujos pais eram José Lourenço Vianna e Maria Noberta de Lacerda, nasceu no dia 03 de novembro de 1881 em Congonhas de Sabará, na Província de Minas Gerais, hoje Nova Lima, Minas Gerais.
Realizou o curso secundário no Internato do Ginásio Mineiro em Barbacena, fazendo inclusive o quinto ano e os preparatórios especiais exigidos para a Escola Naval, que pretendia cursar. Obteve altas notas nos exames realizados, sendo motivo de elogios dos colegas e professores.
Ingressou na Escola Naval em 1898, cursando dois anos completos e vindo a dar baixa após matrícula no terceiro.
Transferiu-se para São Paulo de Muriaé, onde residiam parentes seus, e ali trabalhou por alguns meses no escritório de advocacia do seu tio, Dr. João de Souza Vianna.
Resolveu viajar para o Distrito de Boa Família, residência dos seus pais, e ali fez amizade como o único farmacêutico local, despertando assim a vocação para a medicina.
Em janeiro de 1901, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Terminou o primeiro ano, que era comum aos cursos médico e de farmácia, e passou a cursar Medicina e Farmácia. Procedia desta forma porque, se não pudesse continuar o curso médico, estaria no mínimo habilitado em farmácia, curso que era mais breve.
Acadêmico de medicina alcança o cargo de Interno da 1ª cadeira de Clínica Médica. Em seguida, no 4º ano, consegue o cargo de auxiliar acadêmico no Serviço de Saúde Pública, no setor de extinção da febre amarela. Continua à procura de trabalho e ingressa como funcionário na Biblioteca Nacional.
Busca uma nova atividade e ocupa a função de repórter do jornal “A Notícia” de José do Patrocínio. Este foi o início para ele se tornar colaborador do “Centro de Minas”, “O Curvelo”, “O Comércio”, “Voz do Povo”, “Gazeta de Paraopeba”, “Nossa Terra” (revista) e de vários outros jornais do Centro-Oeste Mineiro.
Finalmente, no dia 23 de abril de 1907, obtém o doutorado em Medicina com a tese “Physio-Pathologia das Arrhytmias”.
Diplomado, é acenado com novos postos de Serviço Sanitário que por pouco tempo exerce, os quais, entretanto, não lhe cativam.
Seu chefe, o próprio Professor Oswaldo Cruz, concedeu-lhe oito dias de descanso para refletir. Entre outros convites, aceitou o do seu tio, para visitar Curvelo, cidade mineira de menos de 30 anos de existência, portão de entrada para o sertão de Minas Gerais, e ali chegou no dia 17 de novembro de 1908.
Seis dias depois visitou o hospital local por instância do Senador Estadual e Provedor, Conêgo Francisco Xavier de Almeida Rolim. Observou tudo o que a sua visita alcançou, analisou e decidiu fixar residência nesse lugar, onde os seus sonhos se concretizariam. Foram 56 anos, um mês e doze dias de amor e fidelidade aquele torrão que adotou e elegeu como sua terra, como se ali tivesse nascido.
Aceitou ser médico do Hospital Santo Antônio de Curvelo, a Santa Casa da cidade, recusando qualquer provento. Foi seu Diretor Clínico, e também seu Provedor, durante 35 anos.
Ingressou na política local, foi vereador e vice-Presidente da Câmara por quatro legislatura, oportunidades em que fundou a Policlínica Infantil que, semelhantemente a Santa Casa, assistia às crianças de famílias desvalidas; com o mesmo entusiasmo criou a Escola Norma Livre de Curvelo, da qual foi professor, e fundou a Sociedade Propagadora da Instrução.
Escreveu trabalhos e fez palestras de cunho científico, entre os quais “A Moléstia de Chagas”, uma monografia sobre a descoberta do seu colega e amigo, “O Problema Sanitário em Curvelo”, “Casa da Criança de Curvelo”, “Proteção e Assistência Infantil”, “Condições da Potabilidade da Água nos Meios Rurais”, palestra feita para Semana Ruralista de Curvelo, “Cruzada Nacional a Criança”, “O Problema da Saúde Pública” em Curvelo, e vários outros.
Nas áreas jornalística, literária, religiosa e teatral, produziu inúmeros artigos, palestras, crônicas, contos e comédias.
Faleceu em 29 de dezembro de 1964. Foram 56 anos de vida doados à causa do bem-estar e da saúde da população de Curvelo, com toda a pujança física, intelectual, científica e moral do seu ser.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida