Octaviano Ribeiro de Almeida
É o patrono da Cadeira 64.
Octaviano Ribeiro de Almeida nasceu em Diamantina, na Província de Minas Gerais, em 29 de janeiro de 1886, sendo filho de Modesto Ribeiro de Almeida Junior e de Filomena Cândida de Almeida.
Seu pai faleceu cedo; órfão, é ajudado pelo tio que custeia o início do curso primário no Colégio de Cachoeira do Campo, em Minas Gerais. Este tio falece também prematuramente, mas, devido às suas boas notas, os padres do colégio dão ao menino uma bolsa de estudos até o fim do curso.
Determinado, transfere-se para Belo Horizonte aos 12 anos de idade, arranja modesto emprego na Imprensa Oficial e garante o seu sustento e os estudos do curso secundário.
Findo este curso, presta um concurso para o Correio, e obtém o primeiro lugar.
Muda-se para Ouro Preto, onde se matricula na Escola de Farmácia e se diploma, em 1909.
Seu projeto de vida não o detém aí. Vai para o Rio de Janeiro e, de acordo com a legislação da época, submete-se aos exames das matérias do 1º ano de medicina, classificando-se em 1º lugar, o que o habilita a matricula no 2º ano da Faculdade de Medicina. Termina o curso médico em 1914, doutorando-se com a tese: “Contribuição ao estudo da transposição vésico-uterina (cirurgia de Schauta-Waertheim) ”.
Decide morar em Belo Horizonte, onde, além de clinicar, dedicava-se à cirurgia geral. Tinha à sua disposição uma enfermaria de Clínica Cirúrgica na Santa Casa de Misericórdia.
Em novembro de 1916 faz provas de habilitação à Docência-Livre de Clínica Cirúrgica e, em fevereiro de 1917, é empossado Professor Substituto de Anatomia Descritiva e Anatomia Médico-Cirúrgica. Em 1918, encontra-se relacionado como Catedrático na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte. Em 1920 toma posse na 2ª Cadeira de Clínica Cirúrgica.
Ingressa no Serviço Médico da Força Pública de Minas Gerais em 01 de março de 1931, como Major Médico, e no ano seguinte é promovido a Tenente-Coronel Médico. Chefiou a Clínica Cirúrgica do Hospital Militar e criou o Trem-Hospital, um hospital ambulante sobre a linha férrea que atendeu por mais de dois meses às vítimas da revolução “constitucionalista” de 1932.
Foi Reitor da Universidade de Minas Gerais nos períodos de maio de 1933 a março de 1934 e de setembro de 1935 a outubro de 1937.
Paraninfou duas turmas de formandos na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, em 1929 e 1936.
Dirigiu a Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte e recebeu o título de Irmão Benemérito.
Deu aulas de Medicina Legal, como Professor convidado da Faculdade de Direito de Belo Horizonte, por vários anos.
Escrevia e explanava magistralmente e até versejava com arte, o que era motivo de observação dos seus alunos.
Eleito membro honorário para a Academia Nacional de Medicina, não chegou a tomar posse.
Operou nos mais diversos sítios anatômicos, origem dos trabalhos.
a) “Cirurgia da cistocele inguinal”.
b) “Mecanismo de produção das fraturas da abódada do crânio irradiadas para a Base”.
c) “Mecanismo de produção das faturas isoladas da Base do Crânio”.
d) “Diagnóstico das fraturas da Base do Crânio”.
e) “Tratamento dos choques cirúrgicos”.
f) “Ferimentos penetrante do abdômen por projétil de arma de fogo”.
Produziu duas teses para o concurso de Clínica Cirúrgica: “A propósito de um caso de ferimento penetrante do abdômen numa criança” e “Da Compressão Circular após Ligadura Arterial dos Membros”.
Foi o primeiro cirurgião a usar o bisturi elétrico e a realizar anestesias com gases, em Minas Gerais.
Criou uma modelar escola cirúrgica, onde se contam numerosos alunos, mais tarde também brilhantes profissionais.
O Professor Octaviano era exímio cirurgião, operando com destreza, o que era de suma importância, sobretudo naqueles tempos. Sua habilidade, segurança e elegância, aliadas ao seu conhecimento da intimidade das estruturas anatômicas, faziam dele figura ímpar na arte da cirurgia.
Produziu dois livros: “A propósito do caso da Universidade” e outro, de publicação póstuma, em 1941, “Páginas que ficaram”, com peças literárias, científicas, pareceres médico-legais, estudos médico-cirúrgicos e contos magistrais.
Faleceu em 19 de setembro de 1940, aos 54 anos de idade.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida