Washington Luiz Tafuri
Ocupou a Cadeira 46, no período de 03/11/1982 até 01/03/2006.
Médico pela UFMG (1951), Washington Luiz Tafuri era doutor em Patologia pela Universidade (1955) e pós-doutor em Patologia pelo Max Plank Institute, da Alemanha (1959). Era, ainda, pesquisador 1A do CNPq desde 1960 e professor emérito da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Na Federal de Ouro Preto, Washington fundou o laboratório de Histopatologia (atualmente, laboratório de Imunopatologia), ao qual era vinculado.
Dentre as linhas de pesquisa de Washington Luiz Tafuri, destaque para a história natural da doença de Chagas, a história natural de Leishmaniose, a biologia do Trypanosoma cruzi e a quimioterapia do Trypanosoma cruzi. O professor era ainda consultor científico.
Texto: Site da UFMG
https://www.ufmg.br/online/arquivos/027813.shtml
Grande perda humana e acadêmica: ACADÊMICO PROFESSOR WASHINGTON LUIZ TAFURI
Pedro Raso
Dia 30 de março de 2013, 16h30m, sábado que antecedeu o dia da festa de Ressurreição de Cristo. Véspera da Páscoa. Na pacata cidade de Desterro do Melo, pescando na lagoa do seu sítio, sem dor e sem sofrimento, mantendo nos lábios o sorriso maroto, sua identidade desde moço, tendo ao lado dois peixes do tamanho de dois palmos e um terceiro peixe do mesmo tamanho já fisgado debatendo-se na ponta do anzol, sem forças para tirá-lo da água pediu ajuda ao seu neto Daniel e ao Didi, filho do caseiro. Nesse momento proferiu as últimas palavras: “Daniel, estou tonto, me ajuda”. Seguiram-se dois suspiros, o susto do neto e do filho do caseiro, os gritos de acudam, acudam… E nada mais! Sentado na cadeira, à beira do lago artificial por ele criado para dar vida aos peixes, vestido de pescador, terminou a passagem de Washington Luiz Tafuri aqui na Terra. Teve a morte que desejou: na sua terra natal, onde queria ser sepultado junto com Nico e Carminha, seus pais; no silêncio do seu sítio, onde sempre que podia se refugiava para falar com Deus e com as plantas que cultivava com as próprias mãos e com os peixes criados no lago que construíra. Segundo o pensamento chinês, ocorreu em Desterro do Melo um incêndio de grandes e graves consequências. Foi destruída totalmente a maior biblioteca local. É assim que se manifestam os chineses quando morre um sábio como o Dr. Tafuri. Cessadas as atividades cerebrais, Tafuri levou consigo um acervo gigantesco de conhecimentos, comparáveis aos contidos nas folhas de milhares de livros de uma grande biblioteca como a de Alexandria. Tafuri, professor e cientista, binômio de humildade e sabedoria, exemplo ímpar de seriedade, desprendimento e competência, recebeu de Deus o prêmio da sabedoria para falar e ensinar, o dom de ouvir e a capacidade de enxergar, analisar e enaltecer os talentos alheios. Eterno aprendiz da vida, pesquisador perspicaz, foi um homem feliz, pois passou por esse mundo e deixou uma história (e que história!) para ser contada. Linda história de vida, de ensino e de pesquisa gravada nos pergaminhos e nas almas de seus discípulos.