Vital Brasil
É o patrono da Cadeira 38.
Vital Brasil Mineiro da Campanha, filho de José Manoel do Santos Pereira Junior e Mariana Carolina dos Santos Pereira, nasceu na cidade de Campanha, Província de Minas Gerais, no dia de São Vital, 28 de abril de 1863, o que explica o seu nome.
Viveu a infância em sua cidade natal, em Itajubá e em Caldas, as duas últimas também cidades mineiras, estudando e trabalhando para ajudar a família, como filho mais velho, a partir dos noves anos de idade.
Aos quinze anos mudam-se para São Paulo, onde ele passa o restante da adolescência entre trabalho e estudos preparatórios.
Era motorneiro de bondes, quando, por influência do pai, ingressou num curso para ministro evangélico no Colégio Morton, o qual, porém, abandona por falta de vocação, e passa, então, a dar aulas no curso primário, para ter o direito de freqüentar gratuitamente as aulas do curso secudário. Neste colégio trabalhava também na limpeza e na tipografia.
Aos dezenoves anos viaja para o Rio de Janeiro, com algumas matérias do preparatório prontas, na intenção de entrar na Faculdade de Medicina, mas por falta de recursos retorna frustado.
Determinado, faz outra tentativa aos vinte e um anos, levando cartas de apresentação, um das quais ele entrega a um ex-deputado e Conselheiro do Império, que lhe diz”Garoto pobre não estuda, mas se emprega no comércio. Isso de estudar é para quem pode”.
Humilhado, Vital rasga as cartas e procura emprego nos anúncios de jornais. Passa a garantir o seu sustento e seus estudos como escrivão de polícia, além de dar aulas no Liceu de Artes e Ofícios.
Em 1886, aos vinte e três anos de idade entra para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
No primeiro ano do curso médico foi acometido de febre amarela.
Estuda em casa, noite alta, em livros emprestados pelos colegas. O pouco que ganhava, o cansaço e a iluminação precária das lamparinas a óleo eram instrumentos de tortura, o que obrigava a vencer o sono com os pés mergulhados em uma bacia de água fria sob a mesa de estudos.
Diplomou-se médico em 1891 com a tese: “Função do Baço”. Vai trabalhar em Rio Claro, Jaú, Leme, Pirassununga e Botucatu no Estado de São Paulo. Como clínico, combateu epidemias nas três primeiras cidades e, na última, se casou e fixou residência, o que lhe deu a oportunidade de observar o alto número de pessoas vítimas de picadas de cobras.
Em 1897 vai para a Capital do Estado de São Paulo para trabalhar no Instituto Bacteriológico dirigido por Adolpho Lutz, sendo nomeado Inspetor de Saúde Pública do Estado. No interior do Estado combateu epidemias de varíola, cólera e febre amarela.
Constatando a ineficiência do soro de Calmette sobre os venenos das cobras jararaca e cascavel, iniciou pesquisas para obter soros específicos.
Lutz solicitou ao governo espaço para Vital Brasil desenvolver as suas experiências, sendo adquirida a Fazenda Butantã, onde, em 1899, instala, organiza e dirige um laboratório (Instituto Serum Therapico), conseguindo ali produzir soro anti-pestoso e anti-ofídico específico para jararaca, cascavel e urutu, tornando aquele um grande centro de pesquisas, marco na ciência experimental, com reconhecimento mundial.
Em 1899 diagnostica a peste bulbônica em um surto epidêmico no porto de Santos, quando adoece e solicita ao colega Oswaldo Cruz que o acompanhe e confirme o diagnóstico.
Esteve na Europa visitando os principais centros científicos. Em 1915 vao ao Congresso Cinetífico Pan-Americano em Washington e, de passagem por Nova York, salva uma vítima de picada de cobra.
Cede ao Instituto, em 1917, o direito de exploração de patente dos soros anti-peçonhentos descobertos por ele.
Em 1919, devido a ingerências políticas deixa o Instituto juntamente com três assistentes e vai para Niterói, onde funda o Instituto de Higiene, Soroterapia e Veterinária, que mais tarde veio a se chamar Vital Brasil, montando nele uma linha de produtos veterinários.
Nesse período realizou o serviço anti-rábico exames de saúde pública do Rio de Janeiro.
Cinco anos depois volta ao Butantã, que em 1925 é oficialmente denominado Instituto Butantã, mas, em 1927, ruma definitivamente para Niterói.
É convidado em 1931 para ser o Prefeito de Lambari, e recusa o convite.
Em 1940 é nomeado pelo Presidente da república para Delegado do Brasil ao VIII Congresso Americano em Washington.
Escreveu muitos trabalhos e cinco livros:
1901 – “Contribuição para o estudo do envenenamento ofídico”
1903 – “Tratamento do ofidismo”
1906 – “Ofidismo no Brasil”
1911 – “A defesa contra o ofidismo”
1941 – “Memória Histórica do Instituto Butantã”
É um dos médicos-cientistas brasileiros mais biografados, inclusive com biografia produzida para a leitura por crianças.
Em Campanha há um museu e uma estátua em sua homenagem.
Seu lema era: “Veritas super ommia”.
Seu nome está escrito no livro “Heróis da Pátria” que se encontra no Panteão da Liberdade e da Democracia em Brasília.
Faleceu em 08 de maio de 1950, aos 85 anos no Rio de Janeiro.
Em suma, não há glória sem sacrifício.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida