Roberto de Almeida Cunha
É o patrono da Cadeira 33.
Nasceu Roberto de Almeida Cunha em São João del Rei, no Estado de Minas Gerais, no dia 29 de março de 1890, filho de Carlos José da Cunha e de Amélia Cristina de Almeida Magalhães Cunha.
Em sua terra natal, fez os estudos primários e, aos oito anos de idade, redigia um jornalzinho. “O Sol”. Os estudos ginasiais foram realizados no Internato Salesiano de Cachoeira do Campo, em Minas Gerais.
Com a mudança da família para São Gotardo do Pinhal, hoje São Carlos, em São Paulo e, depois, para o Rio de Janeiro, passa a estudar no Colégio dos Jesuítas em Friburgo.
Diplomou-se médico em 1914 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Fez sua tese de doutoramento no Instituto de Manguinhos, em seu lugar de trabalho, sob a supervisão do entomologista Arthur Neiva, após pesquisar e elaborá-la como título: “Os sinápteros do Brasil”. Ela foi considerada uma monografia completa sobre o assunto, motivo até de uma visita de dois estudiosos da Holanda, que vieram consultar o autor.
Ele passava o dia inteiro no Instituto e ali exerceu algumas funções, demonstrando a sua vocação para a ciência.
Nomeado para o Posto Veterinário do Ministério da Agricultura com função de veterinário, em Belo Horizonte, trabalhou sob orientação do Professor Henrique Marques Lisboa.
Em 1917, foi contratado como Substituto para a Cadeira de Histologia e Anatomia Patológica e, em 1919, foi nomeado, após o concurso, para a Cadeira de Microbiologia da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, com a tese: “Gregarina brasiliensis n.sp. parasita do intestino da Blatta Orientalis L. em Belo Horizonte”.
Exerceu essa Cátedra durante quarenta anos com escrupulosa consciência do dever de ensinar, além de manter-se em constante contato com a literatura contemporânea, nacional e estrangeira, da sua especialidade, a microbiologia.
Foi também Professor Titular da Cadeira de Microbiologia da Escola de Odontologia e Farmácia da Universidade de Minas Gerais, cuja direção exerceu por dois mandatos consecutivos. Foi ainda professor da mesma Cadeira na Escola de Enfermagem Carlos Chaga, hoje vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais.
Atuou como vice-Reitor da Universidade de Minas Gerais no período de 1946 a 1949, substituindo eventualmente o Professor Manoel Pires de Carvalho e Albuquerque.
Participou ativamente da criação da Universidade de Minas Gerais por cuja federalização lutou.
Fez viagens de estudos à Europa de 1954 a 1955 e tomou parte em vários Congressos, nacional e internacional da sua área de atuação.
Fundou em 1920 o primeiro laboratório de Análises Clínicas de Belo Horizonte, o “Veritas”.
Deixou vários trabalhos científicos publicados, entre os quais:
1) “Alguns aspectos do problema do Câncer”.
2) “Considerações sobre o vírus bacteriófago. Seu preparo e seu valor terapêutico”.
3) “Entre Infecção e Alegria”.
4) “A microbiologia no Brasil”.
5) “Serologia da Lepra”.
6) “Como se transmite a Lepra”.
7) “Lições de Microbiologia”.
8) “Toxinas, Antitoxinas e Anatoxinas”.
Católico praticante, fervoroso, atuava em atividades piedosas e caritativas, era Congragado Mariano e Vicentino dedicado. Lia e relia livros de História, de Medicina, de sua religião e sobre o Brasil.
Faleceu em 22 de agosto de 1958.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida