Aurélio Egídio dos Santos Pires
É o patrono da Cadeira 29.
Nasceu Aurélio Egídio do Santos Pires na cidade do Serro, na Província de Minas Gerais, no dia 23 de março de 1862, filho de Aurélio Pires de Figueiredo Camargo e de Maria Josefina dos Santos Pires.
Seus conhecimentos primários se deram em Sete Lagoas e, a seguir, em Diamantina, no Seminário Diocesano. Seu aprendizado secundário se deu no Externato de Diamantina.
Foi para Ouro Preto, onde fez concurso para a Diretoria da Fazenda Provincial, em 1881. Aos 17 anos, publicou seu primeiro artigo no Jornal “A Mocidade”, de estudantes, em Diamantina, e outros artigos, de 1879 a 1881, em “Idéia Nova”, órgão republicano. Ainda em 1881, e no início de 1882, fez exames preparatórios nos quais se salienta pelo preparo e pela inteligência.
Após três dias de viagem, dois dos quais a cavalo em um trem, chegou ao Rio de Janeiro, em março de 1882, e matriculou-se na Faculdade de Medicina. Morava em bairro distante, a quase uma hora de tílburi, quando a febre amarela assolava a cidade. Trabalhava de dia como professor e, de noite, como guarda-livros.
Em 1884, no 3º ano, adoeceu e deixou os estudos; encontrou-se no Rio com o seu pai, que estava de mudança para o Maranhão, e resolveu acompanhá-lo. Retorna a Minas em 1885 e começa uma intensa atividade política, abolicionista e republicana, escrevendo para o jornal “O Movimento”.
É nomeado, 1890, Chefe do Serviço de Estatística. Em 1891, é nomeado professor de Português e Literatura Nacional e, em seguida, em 1893, professor de Física e Química do Externato do Ginásio Mineiro.
Inicia seu curso de Farmácia em Ouro Preto, mesmo exercendo intensa atividade política, jornalística e em cargo públicos, vindo a colar grau, em 1894, como orador oficial.
Em Ouro Preto, no dia 10 de dezembro de 1892, como representante do Ginásio Mineiro, na Instalação da Faculdade Livre de Direito, afirmou: “Falta-nos ainda uma Escola de Medicina para que a vida científica circule abundante e forte por todas as artérias deste pujante organismo”.
No dia quatro de abril de 1893, na solenidade do qüinquagésimo quarto aniversário da fundação da Escola de Farmácia de Ouro Preto, revela, em discurso, sua preocupação em fundar uma Escola de Medicina.
Transfere-se para Belo Horizonte em 1897 e abre uma Farmácia. No início de 1906, é nomeado Reitor do Ginásio Mineiro. Professor de Geografia, História e Educação Moral e Cívica na Escola Normal Modelo, é nomeado seu Diretor, no final do ano de 1906.
Paladino da Cultura e da Ciência, extrovertido, de palavra fácil, lógica, bem medida, convencia e contaminava com suas idéias aqueles que tinham sentimentos cívicos e de progresso. Publicou dezenas de artigos em jornais e até comícios realizou em prol desta causa.
O jornal “Estado de Minas de Ouro Preto” de 15/04/1896, o “Comércio de Minas” de 06/07/1902, “Minas Gerais” de 12/05/1907, a “Tribuna do Norte” de Belo Horizonte, publicavam seus artigos reinvidicatórios da criação de uma Escola de Medicina, pois este era um assunto palpitante e permanente na sua luta incansável.
Em 1911, seus ideais se concretizaram, ao ser implantada uma Faculdade de Medicina em Belo Horizonte, com a sua participação e dos membros da Associação Médico-Cirúrgica de Minas Gerais.
Em 20 de abril de 1913, foi empossado na Cadeira de Toxicologia do Curso de Farmácia e, em 1927, era Professor de Farmácia Galénica e Farmácia Química, como justos prêmios ao seu trabalho. A Faculdade de Medicina inicialmente tinha os cursos de Medicina, Farmácia e Odontologia.
De 1927 a 1930, foi Diretor do Arquivo Público Mineiro.
Jornalista, tribuno e educador, o idealista insuperável recebe como homenagem à sua memória, do médico, historiador e poeta Pedro Nava o poema “Mestre Aurélio entre as Rosas”.
Outro prêmio foi ter, entre os formandos em medicina da 1ª turma da nova Faculdade, o seu filho Olavo de Sá Pires.
Faleceu em 25 de fevereiro de 1937, no Rio de Janeiro, esse cidadão a quem Afonso Arinos chamava de “o melhor homem de Minas”.
É Patrono da Cadeira nº. 07 do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, do qual foi fundador e Presidente.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida