Gilberto Madeira Peixoto
Ocupou a Cadeira 1, no período de 21/09/1998 até 25/07/2019.
Gilberto Madeira Peixoto é filho de José Hilário Peixoto e Luíza Madeira Peixoto e nascido na histórica, tradicional e aconchegante cidade de Borba Gato. Sua infância, vivida sob o manto de proteção da Senhora do Ó e da Imaculada Conceição, foi vivida percorrendo suas ladeiras e praças, onde as capistranas são polidas pelas tradições e pelos passos diários daquela boa gente. E onde o azul do céu é, por vezes, escondido pelo calor das indústrias do aço. No crepúsculo, os sinos seculares de suas igrejas convidam à oração. E o despertar se faz ao som do borbulhar do histórico rio das Velhas que outrora carreou tanto ouro e as cobiçadas pedras preciosas. Certamente viveu nas tardes de domingo as emoções do futebol no legendário “Estadinho da Praia do Ó”, incentivando o seu “Siderúrgica”, hoje uma saudade no coração dos esportistas. O seu curso ginasial teve como palco Pará de Minas, o que nos identifica pela nossa origem também no Colégio S. Francisco. Seguindo a tradição franciscana completou o científico no Colégio S. Antônio, diplomando-se em Medicina em 1964 pela UFMG, onde sua vitoriosa carreira profissional foi iniciada com a conquista da Medalha de Ouro Osvaldo Cruz, concedida ao 1º aluno da turma. Esta efeméride alicerçou o início de uma brilhante trajetória. Seu currículo é multifacetado. Em cada tópico que tentaremos resumir, tamanha sua magnitude e profusão de conquistas, vê-se a marca do profissional da mais nobre casta.
Em sua vida universitária foi membro do Diretório Acadêmico Alfredo Balena, foi interno do Hospital Sarah Kubitscheck e do Hospital da Polícia Militar e participou de sete cursos de extensão universitária, ligados a temas clínicos, culminando com a citada Medalha Oswaldo Cruz.
Atividade Profissional: Foi médico e coordenador de serviços da ABEB e de outras entidades. Integrou o Corpo Clínico da secular Santa Casa de Sabará. Saliente-se que essa instituição filantrópica, em 1886, recebeu 391 doentes, encaminhados pela comissão construtora de Belo Horizonte. Nossa capital àquela época desprovida de assistência hospitalar, clamava por atendimento médico de urgência Destacou-se nesta missão o Dr. Joaquim Aureliano Sepúlveda, nome que se insere na história da Medicina de nossa então jovem cidade, cujo primeiro médico, Cícero Ferreira, um dos integrantes da comissão construtora é o patrono desta casa. O novo acadêmico sempre ligado a temas clínicos, foi ainda, anestesista e membro da administração da Santa Casa de sua terra natal.
Palestras, Conferências e Painéis: Somam o invejável número de setenta e quatro participações. Variados temas de clínica médica, medicina preventiva, educação e elevado número de contribuições, versando a saúde do trabalhador são sua tônica.
Participação em Congressos nacionais: Em torno de uma centena. Noventa e sete vezes esteve presente, atuando em setores diversificados como relator, moderador, secretário e congressista. A meta principal foi sempre a Medicina do Trabalho. Também participou de eventos em Buenos Aires, Dublin e Montevidéu.
Cursos: Somam trinta e cinco, ligados à medicina do Trabalho. Por dezenove vezes participou de cursos diversos como Psiquiatria, Informática e temas variados de Clínica Médica e Medicina Social. Visitou, ainda, sete centros especializados no exterior; na Irlanda, na França e cinco na Itália.
Suas publicações somam dezessete, direcionadas à especialidade.
Concursos públicos: Foi aprovado sete vezes.
Como todos os profissionais que se completam traz permanente contribuição às entidades da qual é membro: Associação Médica de Minas Gerais e Brasileira, ocupando vários cargos diretivos em ambas. Membro fundador do Departamento de Medicina do Trabalho da AMMG em 1968, e, posteriormente, da Associação Mineira de Medicina do Trabalho da qual foi presidente, jamais dela se afastou até a presente data.
Participou, também, ativamente da vida da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho que também presidiu.
É fundador da ASSOEME (Associação Seguradora de Saúde Ocupacional da Empresa Metalúrgica) e do Instituto Mineiro de História da Medicina, além de membro da Associação Internacional da medicina do Trabalho, por indicação de Osvaldo Paulino, Diogo Pupo Nogueira e Bernardo Bredicow. Ocupa, ainda, a Cadeira 10 da Academia Nacional de Medicina do Trabalho.
Atividades Didáticas: Em cursos de medicina do Trabalho sua presença é indispensável e seu número de hora/aula ultrapassa uma centena.
Representações: Por dezesseis vezes representou as entidades a que pertence, tanto no Brasil quanto no exterior.
Homenagens: Seu espírito comunitário, reconhecido por meio das diversas homenagens que tem recebido; valeu-lhe a Medalha de Ouro da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, além de trinta e sete placas de prata, conferidas por clubes esportivos, associações comunitárias, formandos, entidades religiosas, lojas maçônicas e pelo Poder Legislativo.
Integrou, até aqui, vinte e seis comissões para assuntos administrativos e técnicos. Participou significativamente de atividades humanitárias como cursos de línguas, direção e educação empresarial e esportiva.
Proferiu, em suas atividades, quatorze discursos e, no setor extra-profissional, tem emprestado magnífica colaboração a clubes, outras entidades e especialmente à Santa Casa de Sabará.
Como cidadão não fugiu ao chamamento e participou da administração de sua cidade, como Vereador, de 1989 a 1992, representando-a também no Congresso de Vereadores em Brasília, em junho de 1995.
Vida Familiar: Foi ainda em Sabará que encontrou aquela que se tornaria sua esposa, Dª Suzana Maria Cruz Peixoto. O casal se completou com dois filhos: Leonardo, cirurgião torácico, e Fabiano, diplomado e Mestre em Ciências de Computação. Seu pai, Sr. José Hilário é falecido e sua mãe, Dª Luiza encontra-se presente entre nós nesta noite. Seu belo nome pronunciamos com saudade e respeito por ser também o nome de nossa mãe.
A família do nosso novo e prezado Acadêmico constitui a base do sólido edífico de sua vida.
Prezado Acadêmico Gilberto: o senhor disse ao se candidatar a membro desta Academia que fomos grande incentivador de seu trabalho na AMMG. Isto se deve ao nosso primeiro contato, quando da elaboração do estatuto da AMIMT.
Disse Ethel Munford que “Deus deu-nos parentes, mas teve a bondade de nos deixar escolher nossos amigos”. O tempo mostra esta verdade. Acompanhando sua trajetória e, como sempre temos procedido neste cenáculo procuramos incentivar colegas dos quais sempre nos orgulhamos. De longa data Jesús Santos sempre nos dizia aspirar a vê-lo na Academia. O estatuto nos proporcionou esta felicidade: concretizar o anseio de Jesús Santos, promovido a Emérito e assistindo à posse do seu seguidor e grande companheiro de lutas e ideais.
Somos grato ao Acadêmico Gilberto pela escolha do nosso nome para paraninfá-lo. Essa honraria é para nós um troféu, ampliada pelo aval do Acadêmico Jesús Santos, o que muito nos envaidece. A emoção de dizermos tudo que deveria ser dito sobre o novo ocupante da cadeira nº 01 da Academia é imensa. Lembra-nos Nietzche ao afirmar: “Minha ambição é dizer em dez frases o que o outro qualquer diria em um livro”. Pensamento que sempre procuramos seguir.