Antônio de Andrade Reis
É o patrono da Cadeira 6.
Antônio de Andrade Reis nasceu no distrito de São Tiago, município de Bom Sucesso, na Província de Minas Gerais, em 16 de novembro de 1882. Seus pais eram os fazendeiros Coronel José Pedro de Andrade Reis e Ana Andrade Reis.
Fez o curso primário na sua terra natal e o secundário, no Colégio Grambery, de Juiz de Fora. Como os seus pais fixaram residência posteriormente em São João Del Rei, ali passou parte da sua adolescência.
Matriculou-se em 1904 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, tendo lá se diplomado em 1910.
Freqüentou a Maternidade das Laranjeiras, onde se dedicou ao aprendizado da Ginecologia e Obstetrícia.
Terminando o curso médico, foi para São João del Rei, onde passou a exercer a profissão na Santa Casa de Misericórdia.
Foi designado “Enfermeiro Mor” na distribuição de cargos da Mesa diretora, em 1915.
Em 1918, quando da pandemia de gripe espanhola que assolou o Brasil, todos os seus colegas da região adoeceram, e assim ele lutou sozinho contra a doença, o que fazia percorrendo a cavalo toda a cidade, diuturnamente, dando assistência a toda população.
Ainda em 1918, juntamente com o Dr. Fausto das Neves, aceitou o encargo de regulamentação dos serviços médicos e cirúrgicos da Santa Casa, sendo designado para dirigir a Maternidade.
Nesse período, toda cirurgia em Minas Gerais era executada apenas em dois centros, um em Belo Horizonte, onde pontificavam Hugo Werneck e Borges da Costa, o outro em Juiz de Fora, com Hermenegildo Vilaça e Edgard Quinet.
São João del Rei, entretanto, tornou-se um centro médico-cirúrgico dos mais conhecidos do Estado graças a Andrade Viegas, Francisco Mourão Filho, Fausto das Neves, J. Martins Ferreira e outros destacados clínicos.
Segundo A. de Melo Alvarenga, “por seu valor, sua tenacidade e sua modéstia, o Dr. Andrade Reis desviou para S.J. del Rei quase toda a cirurgia do Oeste mineiro, parte do Centro e do Sul de Minas”.
Executou as mais difíceis cirurgias do aparelho gênito-urinário da mulher, bem como outras cirurgias atestadas pelos relatórios anuais da Santa Casa.
Em 1923, por sua cultura e seus méritos, já havia conquistado uma posição de destaque no cenário médico-cirúrgico em Minas e no Brasil.
Dirige-se à Europa em viagem de estudos, freqüentando os mais renomados estabelecimentos médicos de Paris, como as clínicas Faure, Gosset, Marion e Pouchet e, na Alemanha, as clínicas, Bier, Bumm, Eichenbarch, Franz, Hildebrand e Joseph.
Lá adquiriu todo o material necessário para a Santa Casa que dirigia. Em agradecimento aos relevantes serviços prestados na administração, instalação e construção do Pavilhão que estava sendo inaugurado, em 1º de julho de 1923, a Mesa Administradora, consignando em ata, coloca no Salão Nobre o seu retrato, oferecido pelo Corpo Clínico do Hospital que dirige.
Em 1924, candidata-se na classe de membro correspondente, a uma das vagas da Academia Nacional de Medicina, apresentando o trabalho “Gravidez dupla tubária, simulando gravidez tubária e ovariana”, em que aborda etiopatogenia, anatomia patológica, diagnóstico, prognóstico e tratamento, referente a um caso operado por ele, com o auxílio dos Drs. Antônio Viegas e Mourão Filho.
Foi eleito por unanimidade, sendo saudado pelo Professor Miguel Couto.
Dirigiu os serviços médicos da Santa Casa até 1945 e, em março de 1946, fundou a Escola de Enfermagem e Obstetrícia com o objetivo de equipar o hospital com enfermeiros mais eficientes e especializados.
Fundou a Sociedade de Medicina e Cirurgia, da qual foi o primeiro presidente.
Dirigiu a campanha contra duas endemias de tifo, vacinado todos os habitantes do município e extinguindo os focos.
Quando, em 1927, São João del Rei atravessou séria crise política, os dois chefes dos partidos locais fizeram um apelo ao Dr. Andrade Reis, para que ele aceitasse a presidência da Câmara Municipal, o que realizou com sacrifício próprio como prova de apreço à sociedade em que vivia, pacificando e abrandando o ânimo das facções antagônicas. Foi empossado em 17 de maio de 1927 e administrou o município por dois anos, merecendo o reconhecimento e os aplausos de todos.
Faleceu o Dr. Antônio de Andrade Reis, Juiz de Fora, no dia 25 de agosto de 1947, reconhecido por seus méritos.