Lucas Monteiro Machado
É o patrono da Cadeira 3.
Lucas Monteiro Machado nasceu em Sabará, em Minas Gerais, no dia 11 de novembro de 1901, filho de Virgílio Cristiano Machado e de Marieta Monteiro Machado.
Porque seus pais se transferiram para Belo Horizonte, nesta cidade completou o seu curso primário, vindo a fazer o curso secundário no Colégio Arnaldo.
Prestou exames vestibulares em 1919 e matriculou-se na Faculdade Medicina de Belo Horizonte, onde diplomou em 1924. Destacou-se como um dos melhores alunos da sua turma.
Durante os anos de 1921 a 1924, foi interno do Serviço de Ginecologia da Santa Casa de Misericórdia, como aluno do Professor Hugo Werneck, de quem hauriu o aprendizado básico da especialidade que abraçou e praticou com notável dedicação e habilidade.
Como prêmio à sua formação médica, deram-lhe a função de Assistente da Clínica Ginecológica da Santa Casa, a qual ele exerceu até 1933.
Chefiou a II Enfermaria de Obstetrícia no referido Hospital, com modelar qualidade, de 1925 a 1935.
Em 1929, conquistou por concurso e nota máxima, o titulo de Docente Livre de Ginecologia da Faculdade de Medicina, apresentando a Tese: “Sobre a Etiologia e a Terapêutica Cirúrgica do Prolapso Uterino”.
Foi indicado pelo seu mestre Professor Hugo Werneck, em carta dirigida ao Diretor da Faculdade de Medicina, para substituí-lo na cátedra de Ginecologia.
Não desmereceu a confiança do mestre e desempenhou com brilhantismo o magistério, durante os anos 1933 a 1936.
Foi também escolhido para chefiar e Enfermaria de Ginecologia como substituto do Professor Hugo Werneck.
Utilizando os métodos de trabalho e a mesma disciplina, herdados do Professor H.Werneck, transmitiu aos seus assistentes e internos os conhecimentos da escola ginecológica do mestre.
Além das atividades próprias de sua especialidade, como as cirurgias para correção da incontinência urinária, devido a fistulas vésico-vaginais conseqüentes a partos mal assistidos, praticou também cirurgias da tireóide e de vias biliares com exímia habilidade.
Em a 1950, deu um passo que marcou a sua vida, quando, com conceituados colegas, teve a iniciativa de criar a Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.
Foi diretor daquela casa do ensino médico por 20 anos, o que deu a ela elevado prestígio e comprovada eficiência, pois renomados profissionais foram escolhidos para lecionar ali.
Durante todo o tempo dedicado àquela instituição, seja como Diretor, seja como Professor Titular da Disciplina de Ginecologia, nunca recebeu proventos ou quaisquer retribuições materiais, pois o que ali realizou foi por puro idealismo.
Foi membro de inúmeras associações científicas no Brasil e no exterior, muitas das quais tiveram nele um dos seus fundadores ou dirigentes, sendo membro atuante e exponencial das demais.
Exerceu a Presidência da Associação Médica de Minas Gerais e da Sociedade de Ginecologia de Minas Gerais da qual foi fundador.
Possuía uma vasta biblioteca médica, especializada na sua área de atividade, e dominava vários idiomas, o que demonstra uma vida intelectual e científica muito intensa.
Foi autor de numerosas publicações, muitas das quais vertidas para outras línguas. Fez modificações em técnicas de cirurgia ginecológica as quais foram adotadas em outros centros cirúrgicos, após aceitação de eminentes colegas de Conselhos Científicos.
Participou de inúmeros congressos, jornadas, mesas redondas e simpósios médicos, no país e no exterior, representando com destaque e autoridade a cultura médico-cirúrgica de Minas e do Brasil. Rigoroso e preciso em suas exposições, cativava a atenção de quem assistia a elas.
Recebeu títulos nacionais e internacionais da mais elevada distinção pelos seus méritos e, também, ode Cidadão Honorário de Belo Horizonte, pela prestação de serviços, dedicação e afeição à cidade que o acolheu.
Foi agraciado com diversas condecorações, entre as quais: “Medalha de Ordem do Mérito Nacional”, “Das Grosse Verdienstkreuz”, da então República Federal da Alemanha, “Medalha de Honra das Palmas Acadêmicas” do Ministério da Educação Nacional da França.
O Prof. Lucas Monteiro Machado legou aos seus discípulos e colegas exemplos dignificantes de nobreza de sentimentos e amor à sua profissão.
Faleceu no dia 11 de agosto de 1970.
Texto: Christobaldo Motta de Almeida